
O PACOTE
(Genaura Tormin)
Um gemido,
um soluço depois,
lá vem a maca.
Alguém,
que parece com Cristo,
ocupa um lugar,
ao lado dos demais.
Mãos calejadas,
fisionomia esquálida,
olhos pedintes,
demonstram
que a vida lhe foi madrasta.
O último lampejo de fé
escorre-lhe pela face.
Cessam-lhe os sinais vitais.
De onde veio?
Ninguém sabe.
Não tem identidade.
É mais um zé-ninguém.
Não há voz,
nem lamentos.
Ele não tem
sequer direitos.
Nasceu, sofreu,
morreu,
e agora é o desconhecido
do PACOTE N.º 1O.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O seu comentário significa carinho e aprovação. Fico cativada e agradeço. Volte sempre! Genaura Tormin