PLANTIO

PLANTIO
PLANTIO
(Genaura Tormin)

Deus,
Senhor dos mares e montes,
Das flores e fontes.
Senhor da vida!
Senhor dos meus versos,
Do meu canto.

A Ti agradeço
A força para a jornada,
A emoção da semeadura,
A alegria da colheita.

Ao celeiro,
Recolho os frutos.
Renovo a fé no trabalho justo,
Na divisão do pão,
. E do amor fraterno.

sábado, 29 de março de 2014

ALDEBARAN - O LIVRO DE PATRÍCIA NEME



ALDEBARAN - O LIVRO DE PATRÍCIA NEME
(Genaura Tormin) 


Patrícia querida,

Acabei de ler o livro – ALDEBARAN, de sua lavra. Gostei muito.
Embora eu não tenha a sua erudição, a evolução espiritual que lhe é nata, identifiquei-me muito com você nas lutas da infância, principalmente.
Ambas sofremos a separação de pais, fomos internas em colégio de freiras, tivemos os mesmos conflitos na adolescência, enfrentamos o front das dificuldades com unhas e dentes, sempre à procura de lenitivos para encontrar a nós mesmas, identificar a nossa essência.



Somos contemporâneas dos fatos sociais e políticos do País.
Estive com você em todos os momentos, fiz-me parceira a cada página e, por vezes, partilhamos o colo, o afeto, as tristezas e as conquistas.
Tomei-a por mestra, guru e amiga. Com você aprendi muitas coisas que me passaram despercebidas nesta existência. Neófita sou diante do espírito que me anima a vida.


Pena que o tempo, com sua celeridade, já nos diga que é hora de descansar, abrandar os ânimos, antes tão abrasados. O tempo arrojado das grandes empreitadas caminha para o fim, arquejando a vulnerabilidade do envólucro físico e das dores do existir.


Tudo tem o seu tempo: semear, colher e se regalar. Gosto de dizer: crescer, evoluir para depois partir.
Do seu relato sofrido, dolorido, edificante, informador e excessivamente belo, com metáforas certas e escorreita linguagem, fica bem calcado o ser-energia que somos, alicerçado na espiritualidade de ancestralidades, cujos compromissos estamos a resgatar. Abre-se uma outra dimensão, da qual temos pouco conhecimento, ainda. Somos seres espirituais em excursão por aqui. A Lei da Reencarnação é uma verdade!


No início, algumas dúvidas, dirimidas ao longo do texto, como a falta da sua mãe... A luta omissa e a pouca referência sobre ela, embora mais tarde você fale de sua partida e da saudade que ainda passeia pelos degraus do tempo de sua vida.

O leitor é um invasor e prima pela curiosidade. Após a edição de um livro, somos públicos e, agora, é ele quem nos ajuda a reescrevê-lo, a cada edição, com seus muitos questionamentos. Há curiosidade sobre a personagem, sempre denominada por “ela”, que depois, vim a deduzir ser um espírito cruel, mas necessário para fazê-la forte, resistente a qualquer embate, portanto passível do seu perdão e do agradecimento. Foi ele o seu personal trainer, ainda nos verdes anos. A ferramenta se molda ao fogo rubro. A bigorna é o buril. E o trabalho resta perfeito. Tudo tem a sua razão. Numa retrospectiva, vejo que tudo valeu a pena e era necessário.

Com você, adentrei às diversidades do espírito que nos anima e percebi que o cuidado é necessário, tanto aqui, quanto na erraticidade. Precisamos de suportes, embora tenhamos os guardiões que nos amparam desde a concepção.

ALDEBARAN é um livro maravilhoso, corajoso, em que a autora se desnuda nas suas incansáveis buscas pelo Cosmos e pelos embates tão sofridos do viver num corpo físico. Os amores que vieram e se foram, plantando-lhe sementes de vidas para acalentar-lhe os dias, cumprindo o maravilhoso mistério da maternidade, significaram reencontros há muito agendados. Tudo é perfeito nessa vida! Não há fardo pesado para ombros fracos. Tudo significa lições, crescimentos.

Um relato romanceado, com abordagens eruditas, sinceras, descritas por uma mulher consciente, com formação superior na área de engenharia, com vivência na Alemanha e outros países desse mundo de Meu Deus. Uma poliglota/poeta, cujos poemas transcendem os liames de uma aguçada sensibilidade holística.

O coração esgueira-se sempre altaneiro, mensurando-lhe a imensidade do ser-andejo, sedento por dias melhores, ciente de muitos porquês de outras existências por aqui, em tempos pretéritos e que agora se afloram pela exacerbada lembrança que a fazem diferente, acrescida... Um dom, uma missão?


O amor incondicional pela criação de tudo que há no Universo, fez-me cativa. É o amor transcendental que o Cristo nos ensinou e se atrela do reino mineral ao animal, incluindo o homem criado à sua imagem e semelhança.
Realmente, um excelente relato, eivado de grandeza, sabedoria, verdades inconfessáveis e uma enorme busca pelo Eterno, cujas respostas encaixam-se nas máximas tão presentes de que somos caminheiros de outros caminhos, de outras galáxias, em passeios por aqui.



Na verdade Adonai é o seu Senhor, o seu Mestre. E eu sei que a orientou para esse trabalho, sob a forte luz de Aldebaran que se ostenta na Constelação de Taurus, ao lado do Cruzeiro do Sul, visível nas noites estreladas.
Muito bom, o livro! Curvo-me com respeito e agradeço enternecida pelo presente.


Oxalá, muitos o leiam e, como eu, sintam-se com o caminhos alargados e o espírito fortalecido.

Parabéns!

Genaura Tormin

sexta-feira, 21 de março de 2014

CUIDADO COM OS BURROS MOTIVADOS


CUIDADO COM OS BURROS MOTIVADOS
(Matéria publicada na Revista ISTOÉ)
Eu achei excelente essa entrevista e resolvi republicá-la aqui. Espero que os meus leitores também gostem!

O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional.
Em “Heróis de Verdade”, o escritor combate a supervalorização das Aparências, diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.
ISTOÉ – QUEM SÃO OS HERÓIS DE VERDADE?
Roberto Shinyashiki — Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe.
O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura.
Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes.

E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados.
Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa.

Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes.
Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros.
São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.
ISTOÉ — O SR. CITARIA EXEMPLOS?
Shinyashiki — Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos,empregado em uma farmácia .
Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis.
Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem.
Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito “100% Jardim Irene”.
É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes.
O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana.
Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata?
Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.
ISTOÉ — Qual o resultado disso?
Shinyashiki — Paranóia e depressão cada vez mais precoces.
O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim.
Aos nove ou dez anos a depressão aparece.

A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança.
Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos.
Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas.
Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

ISTOÉ – Por quê?
Shinyashiki — O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento.
É contratado o sujeito com mais marketing pessoal.
As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência.
Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras.

Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa.
Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei-a na hora.
Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

ISTOÉ — Há um script estabelecido?
Shinyashiki — Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um Presidente de multinacional no programa O aprendiz ?
“Qual é seu defeito?”

Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal:
“Eu mergulho de cabeça na empresa.
Preciso aprender a relaxar”.
É exatamente o que o Chefe quer escutar.

Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido?
É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.
O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse:

” Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir”.
Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?

ISTOÉ — Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?
Shinyashiki — Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento.
Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência.
CUIDADO COM OS BURROS MOTIVADOS.
Há muita gente motivada fazendo besteira.
Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado.
Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão.

Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado.
Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia.
O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.
ISTOÉ — Está sobrando auto-estima?
Shinyashiki — Falta às pessoas a verdadeira auto-estima.
Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa.

Antes, o ter conseguia substituir o ser.
O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom.

Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer.
As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam.
E poucos são humildes para confessar que não sabem.
Há muitas mulheres solitárias no Brasil que preferem dizer que é melhor assim.
Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

ISTOÉ — Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?
Shinyashiki — Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis.
Quem vai salvar o Brasil? O Lula.
Quem vai salvar o time? O técnico.
Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.

O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia:
“Quando você quiser entender a essência do ser
humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham”.
Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia.
Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo.

A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.
ISTOÉ — O conceito muda quando a expectativa não se comprova?
Shinyashiki — Exatamente.
A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso.

Hoje, as pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar
suas vidas e se decepcionaram.

A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.
ISTOÉ — Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?
Shinyashiki — Tenho minhas angústias e inseguranças.
Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente.
Há várias coisas que eu queria e não consegui.
Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos).

Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos.
Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse.
Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo.

O resto foram apostas e erros.
Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo.

Um amigão me perguntou:
” Quem decidiu publicar esse livro?”
Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu.
Não preciso mentir.

ISTOÉ – Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
Shinyashiki — O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las.
São três fraquezas.
A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança.
Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram.
Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno.

Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards.
Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates.

O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.
ISTOÉ — Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?
Shinyashiki — A sociedade quer definir o que é certo.
São quatro loucuras da sociedade.
A primeira é instituir que todos têm de ter
sucesso, como se ele não tivesse significados individuais.

A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias.
A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder.
O resultado é esse consumismo absurdo.
Por fim, a quarta loucura:
Você tem de fazer as coisas do jeito certo.

Jeito certo não existe!
Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade.
Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito.
Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento.
Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo a praia ou ao cinema.
Quando era recém-formado em São Paulo,
trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes.

Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte.
A maior parte pega o médico pela camisa e diz:

“Doutor, não me deixe morrer.
Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz”.
Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada.

Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas.
Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida .

A

quarta-feira, 19 de março de 2014

CARTAS GUARDADAS



CARTAS GUARDADAS
(Genaura Tormin)


Aquelas cartas guardadas,
Num livro encadernei,
Para me lembrar de você
Que aonde anda, eu não sei.

Tempo bom aquele nosso!
Enlevo de poesias,
Risadas e muita alegria!
Dois jovens enamorados,
Passarinhando os dias.

Onde estará esse amor?
Desenhado em minha mente,
No livro da emoção,
Presente nas fantasias,
Juntinho do coração.

As letras são de saudades,
De cicatrizes marcadas,
Suas folhas amareladas,
De um amor a se lembrar.

Uma saudade cortante,
Uma lágrima sorrateira,
Abafada com cuidado
Numa leitura ligeira.

O coração salta do peito,
No livro quer se enroscar,
Reviver aquela história,
Mesmo que seja a sonhar.


sexta-feira, 14 de março de 2014

FREDERICO, FILHO QUERIDO




FREDERICO, FILHO QUERIDO
(Genaura Tormin)


Hoje é o dia 13 de março!
Uma data importante para tua mãe!
Uma gentinha nova a caminho,
Depois em meus braços'
E sempre em meu coração.
Como agradeço
Pelo pelo filho que és!

Um aliado para dividir
Alegrias e percalços
Um filho bom,
Um homem honrado.

Mesmo assim,
Estou sempre na retaguarda,
Na alegria de sabê-lo FILHO!
Atenta aos poucos deveres de mãe
Que ainda me restam.

Entregar-te a Deus, filho meu,
É o maior presente que te posso dar,
Neste teu aniversário!
És verso do meu mais lindo poema,
Decantado em prece,
No dorso da alegria,
Pois me sinto a Loba
E tu és cria!

Parabéns!

Beijos dos teus pais
Genaura e Alfredo
-------------
Frederico é o loirinho.
Um ano apenas os separa.
Na foto, Fernando tinha 3 e Frederico 2 aninhos.
Que saudade! 



REVISANDO PÁSSARO SEM ASAS PARA NOVA EDIÇÃO


REVISANDO PÁSSARO SEM ASAS PARA NOVA EDIÇÃO
(Genaura Tormin)

           Revisando o Pássaro Sem Asas para nova edição, choro, de vez em quando, sorrio também e chego até a dar gargalhadas.
          Tem episódios que me embargam a voz e eu sinto necessidade de dividir, contar, compartilhar...
          Mas, nada de peninha! Tenho asas e as exercito por aí!

Eis o texto:

Tudo o que fazia, com as dificuldades da primeira vez, era dolorido. Abria-me sempre a ferida. Embora não externasse, sofria por dentro. 
Meu avesso não queria confirmar a paraplegia, mas as dificuldades do “fazer” jogavam-me no rosto a dura realidade. 
Por isso queria fazer o máximo de atividades diversificadas possível para vencer logo a “prova de fogo" e tornar-me campeã de mim mesma, assumindo com dignidade a minha condição. 
Estava a construir uma couraça para resistir aos embates. 
Oxalá essa couraça se transformasse em pérola, já que a pérola é o resultado de uma ferida cicatrizada. Por vezes, o ego agradecia essa bravura.
Nessa época, um dia, estando em casa sozinha pela manhã, planejei como poderia tomar um banho. 
Despi-me na cama, passei para a cadeira de rodas, transferi-me para o vaso sanitário e em seguida passei para uma cadeira normal, semelhante às de bar. 
Com muita atenção e cuidado, tentei dar pequenos impulsos com os ombros para chegar ao box, quando a cadeira caiu para trás, lançando-me ao chão. 
Mal consegui desvencilhar-me dela, empurrando-a para frente. Não pude fazer mais nada, nem sequer me arrastar até a cama. Não conseguiria subir. 
Fiquei calma. Tinha assumido o risco. Aquela manhã estava fria, muito fria. 
Consegui alcançar a toalha de banho que se desfraldava no cabide à altura do meu braço. 
Como não tinha (e até hoje ainda não tenho) sensibilidade em mais de dois terços do corpo, protegi as partes sensíveis, ou seja, ombros, braços e cabeça, e deixei-me ficar no chão frio do banheiro. Pensei na serventia dos meus braços ilesos, e agradeci. 
Resisti à emoção que me apanhara de surpresa. 
Pena, por quê!? 
Repreendi imediatamente a estima ferida. 
Tentei dormir. 
Era o que de mais sensato poderia fazer. 
Cheguei a sonhar, quando fui acordada pelos filhos que chegavam da escola com o pai. 
Pensaram que eu estivesse morta ali no chão. 
A voz chorosa e agoniada do Fernando sobrepujava às demais. 
Graças a Deus que o choro deles foi em vão. Estava vivinha!

sábado, 8 de março de 2014

SOU MULHER


SOU MULHER
(Genaura Tormin)


Uma manhã linda por aqui!
Céu claro, brisa amena.
Tudo sorri dentro de mim.
O sol dança no lago.
Os cisnes também bailam
No meu coração encantado.
Aqui, estou em festa.

Sinto-me feliz,
Contente.
A mais feliz das criaturas.
Amo, sirvo e agradeço.
SOU MULHER!

Deixarei o meu legado
Em livros grafado,
Em árvores que plantei
E em filhos amados,
Que à vida doei.

SOU MULHER!
Laboriosa, complicada..
Trabalhadora,
Dona de casa!
Por acréscimo,
Sou POETA!
Isso é tudo!

sexta-feira, 7 de março de 2014

A ÚLTIMA HORA




A ÚLTIMA HORA
(Genaura Tormin)

Chega o momento!
Fico calada.
Some-me a voz,
O coração dispara.
É a despedida!

Fico sozinha,
Com as migalhas
Desse sentimento,
Que me toma a alma.

Emendo retalhos,
Faço atalhos,
Entoo frases
E me despeço.
A hora é chegada!

quinta-feira, 6 de março de 2014

FALANDO DE PÁSSAROS E DE GENTE

FALANDO DE PÁSSAROS E DE GENTE
(Ludovina Maria Braga)

Conheci a autora de Pássaro Sem Asas, Genaura Tormin, já em sua decantada cadeira de rodas. Ela trabalhava na Sexta Delegacia de Polícia de Goiânia. Eu ingressava na carreira, como Delegada de Polícia, após um longo concurso e um ano de preparação na Academia de Polícia Civil. Não vou falar desse coleguismo porque ela o faz em sua obra, contando as nossas trocas de experiências no campo da investigação policial e na missão de conciliar a profissão com as tarefas de mãe, esposa e dona de casa.

Muitas matérias foram publicadas sobre o seu livro, opiniões bonitas foram escritas a respieto, com elogios de gente que tem competência para falar do assunto. O que manifesto agora é como leitora, pra dizer da emoção que o livro transmite, do exemplo de vida claro e sem adereços, da linguagem viável, mas nem por isso menos rica de expressões. Recomendo, como professora de servidores públicos (policiais), a leitura desse livro, que passa lições de grande valia.

Lições de como enfrentar com dignidade a difícil tarefa de ser e fazer polícia. Mas antes de tudo, a obra orienta sobre como adquirir esperança e crer contra tudo e contra todas as adversidades. Mostra como acreditar em si mesmo quando essa crença não é sentida pela maioria das pessoas. Mostra como vencer com o próprio esforço, sem buscar escoras. A todos que dizem não posso, não vou conseguir... indico Pássaro Sem Asas, para que adquiram fé e acreditem, mesmo quando o mundo não lhes der crédito.

O ser humano é ilimitado na busca do aprendizado e da perfeição, mostra Genaura em seu livro que, não vale pelo título e nem é bom pela sua bela capa, mas tudo vale e tudo serve pela mensagem de coragem que leva ao leitor, descrevendo uma história verdadeira, da qual fui testemunha de alguns capítulos. Por isso mesmo, sem ter bagagem que me qualifique para opinar sobre literatura, atrevo-me a comentar com o único objetivo de dizer que valeu a pena.

Um dos melhores livros que li nos últimos tempos sobre pensamento positivo. O homem vale pela cabeça que tem. As pernas transformam-se em asas quando a mente é livre, sadia e independente, como a de Genaura. Não retrata um episódio vivido no Brasil e descrito como se tivesse ocorrido em terras européias, como muitos livros do gênero. É algo real, palpável, verdadeiro, acontecido bem perto de nós, enfocando o dia-a-dia repleto de egoísmos, medos, vaidade, frustrações, descrença e preconceitos de todos os níveis sociais.

Por isso o livro de Genaura Tormin é bom. Fala de pessoas reais, de gente que respira em nossa comunidade. Nele, a coincidência não é mera coincidência, pois a figura principal vive e não foi feliz para sempre como nos contos de fadas. Faz-se feliz, viva e atuante. Afinal, de uma pessoa valorosa só se poderia esperar alguma coisa de valor. Por isso, parabéns e pronto é pouco. Resta esperar que Genaura possa nos brindar com outros pássaros alados, valorizando aquilo que melhor exibe: coração e inteligência. Se lhe faltam pernas, conquistou um brevê para voar livre nos espaços da sabedoria. 

Ludovina Maria Braga é delegada de Polícia de carreira em Goiânia – 21.09.1991

O POETA


O POETA
(Genaura Tormin)

O poeta
É um trabalhador de versos!
Livre para voar alto, solto, longe, 
Ele encanta e se encanta. 
No galope das metáforas, 
Cria fantasias, ouriça sentimentos, 
Pega carona no vento 
E conquista o infinito.

O poeta chora, 
Sorri, acalenta e consola. 
É um artesão do amor! 
Dá asas às esperanças, 
Riso às tristezas, 
Perseguindo caminhos vários
Para cantar chorando
E sofrer sorrindo.

É um manancial de emoções, 
Um caudal, 
Que faz florescer as margens
E seguir cantando para o mar da vida.
O poeta é protetor, 
Amigo, desprendido e benfazejo. 

É metacoração. 
Meio anjo, meio canção.
Escorado na certeza de seus versos,
Veste os dias de esperança 
Na cantiga das mudanças, 
Das promessas, 
Do sorriso fácil
E do amor compartilhado.

Os olhos encantam, 
As palavras confirmam 
E a escrita é a missiva direta ao leitor
Que dela necessita.
Há quem diga que “ler poesia, 
Significa azeitar a alma!”

quarta-feira, 5 de março de 2014

COMPARAÇÃO




COMPARAÇÃO
(Genaura Tormin)

Eu sempre me comparei com os bichos. 
O camaleão é o meu preferido
Porque muda de cores.
Eu sou versátil, colorida, assanhada. 
É a minha marca registrada. 
Batom vermelho,
Sorriso largo, 
Otimismo e alegria à flor da pele. 

Hoje, 
Pensei que me pareço com a abelha! 
Uma abelhinha abelhuda, 
Cantora, espalhafatosa,
E um tanto enxerida! 
Pois é, pensei isso! 
Perfeita comparação. 
A abelha labora no fabrico de mel.
Para o deleite dos outros. 

E o faz cantarolando. 
É bonito ouvir o zumbido da abelha. 
É como uma declaração de amor, 
Uma balada do vento, 
O refrulho de um riacho, 
O canto de um galo triste,
O badalar dolente de um sino… 

Eu engendro versos! 
Penso  neles de noite e de dia! 
Esbaforidos, eles pedem passagem 
E eu corro a poetar. 
Preciso dar liberdade ao  prisioneiro. 
E para quê? 
Para agradar o leitor, 
Para emocionar, para curar,
Para falar de amor!

LEVE, LIVRE & SOLTA!


Sejam bem vindos!
Vocês alegram a minh'alma e meu coração.

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Era uma luz no fim do túnel e eu não podia perder.
Era a oportunidade que me batia à porta.
Seria uma Delegada de Polícia, mesmo paraplégica!
Registrei a idéia e parti para o confronto.
Talvez o mais ousado de toda a minha vida.
Era tudo ou NADA!
(Genaura Tormin)



"Sou como a Rocha nua e crua, onde o navio bate e recua na amplidão do espaço a ermo.
Posso cair. Caio!
Mas caio de pé por cima dos meus escombros".
Embora não haja a força motora para manter-me fisicamente ereta, alicerço-me nas asas da CORAGEM, do OTIMISMO e da FÉ.

(Genaura Tormin)