PLANTIO

PLANTIO
PLANTIO
(Genaura Tormin)

Deus,
Senhor dos mares e montes,
Das flores e fontes.
Senhor da vida!
Senhor dos meus versos,
Do meu canto.

A Ti agradeço
A força para a jornada,
A emoção da semeadura,
A alegria da colheita.

Ao celeiro,
Recolho os frutos.
Renovo a fé no trabalho justo,
Na divisão do pão,
. E do amor fraterno.

domingo, 29 de agosto de 2010

UM VASO DE ORQUÍDEAS


UM VASO DE ORQUÍDEAS
(Genaura Tormin)

Gosto muito de orquídeas!
Vejo nelas a perfeição da natureza que se desnuda numa policromia matizada e nas formas diferentes e graciosas de suas pétalas mágicas e belas. Realmente, vejo Deus no comando do Universo, como O Feitor da Vida e de tudo que nela existe.

Ainda recente, estive hospitalizada. Nessa faixa etária, essas visitas são necessárias, por causa da fragilidade do invólucro físico, com suas muitas mudanças imprescindíveis à evolução do espírito. Afinal, os pés já se encontram estropiados e feridos pelos pedregulhos da estrada.

A borboleta não pode eclodir, para alçar voo, sem o rompimento do casulo, penso eu. E isso é lento, ao longo do tempo, para que nos acostumemos a esperar o navio no cais do porto ou o trem na estação, pois eles não atrasam. Partem na hora exata. E essa partida é certa, tão logo a missão esteja terminada.

Aqui estamos a trabalho, como se estivéssemos cursando uma pós-graduação ou um mestrado na matéria em que fomos omissos noutras estadas neste Planeta.

Embora, naquele momento, o meu espírito passeasse para acompanhar o marido, rever os filhos, os netos, o lar, voltasse ao passado, às mais diversas fases da vida, fisicamente, eu me encontrava ali, sozinha no recinto hospitalar, por sinal, acolhedor e arejado, de cuja janela eu podia ver o céu azulado, repleto de nuvens viageiras que se deslocavam, bordando o Cosmos.

O meu espírito, muito além de mim, excursionava, sem peias, sem amarras, alicerçado nas asas do pensamento, aos muitos momentos que formaram a minha vida nesta existência. Ufa, quanta saudade, quanta alegria, mas também quantas dificuldades! Penso que as dificuldades sejam o que de melhor carrego na bagagem.

Enclausurada entre as quatro paredes brancas do quarto, envolvida na paz do branco lençol que me agasalhava o corpo, eu estava leve, livre e ligeira... Um momento único para uma reflexão no silêncio do tempo.

De repente a porta se abriu e o meu espírito deve ter pousado em algum galho de árvore do caminho. O certo é que eu estava realmente ali. O ambiente foi inundado de luz, invadido por um sorriso farto, estampado no rosto trigueiro do meu filho Flávio, minha cria e meu colega de trabalho. Além de amigo, é um conselheiro, um mestre. É um aliado para todas as empreitadas. Sua sapiência soma-se sempre ao carinho e à simplicidade amorosa de um filho. Por vezes, torna-se criança e rimos juntos, sem saber de quê.

Para mim, todos são ainda os meus pequenos filhos, com toda a graça dos mais verdes anos, que ficaram reclusos nas celas da memória e no canto do coração, feito alento que cura, cala e consola.

Em suas mãos, um vaso de orquídeas, lindamente ornado, onde um pássaro azul esgueirava-se de uma de suas hastes.

Após me pedir a bênção, hábito costumeiro da família, beijar-me o rosto, inteirar-se do meu estado de saúde, entregou-me as orquídeas. Via-se, pela fisionomia, que o seu coração pulsava mais forte e o rosto estampava alegria. O meu, derretia-se inteiro e as lágrimas afloram-me às faces. Sou uma manteiga derretida, mas gosto de ser assim. É o amor que me extrapola, dando vazão ao sentimento.

_ Mamãe, não se preocupe, pois o pássaro vai voar, viu! Disse-me ele a sorrir, com um jeito jocoso, otimista e cheio de ternura!

_ Com certeza, meu filho! Esse pássaro ainda vai fazer muitas proezas! Ele nasceu para vencer barreiras, ultrapassar fronteiras, driblar dificuldades e alar o mundo feito borboleta! Estou aqui, apenas hospedada, num retiro ao meu interior. Um dia de férias, um feriado especial. Talvez um dia santo, necessário à minha evolução.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

TENTE MUDAR


TENTE MUDAR
(Genaura Tormin)

Tudo está em constante evolução.
As pessoas mudam, o tempo passa, o mundo se transforma na metamorfose da vida.

Tudo se esvai com o vagar do tempo, e por vezes nos esquecemos de nós mesmos, do que fomos, do que somos. Nada permanece igual. Restam nos os bons momentos guardados para sempre nos aposentos da memória.
Cada momento é único e não volta nunca mais.

Na vida, surgem obstáculos e as saídas parecem inexistir. A dúvida nos massacra, nos toma a alma indefesa a cada desalento, a cada manhã sem perspectivas: Será que a luz existirá mesmo no "fim do túnel"? Para tudo há uma solução que está intrínseca dentro de nós mesmos.

O medo, a insegurança, o pavor de perder são inimigos diários que devemos enfrentar com uma só ação: CORAGEM!

Este é um mundo de provações e ninguém aqui está sem trabalho, sem missão. Aliás, o trabalho, por mais humilde que seja, é digno e representa prece, oração, oportunidade para crescer.

O coração, a intuição são os nossos mestres! É a voz de Deus dentro da gente. Devemos segui la sem medo de errar, desde que os feitos se enquadrem nos parâmetros da dignidade e da justiça.
Mas o que é a vida, afinal?

A vida é o emprego que nós mesmos escolhemos aqui. Ela é feita de momentos ruins e bons, tristes e alegres, e, muito mais de renhidas batalhas para moldar o nosso espírito, conduzindo o a patamares superiores, conforme o nosso livre arbítrio.

A vida é, também, uma escola, uma pós graduação na matéria em débito. Viva e aprenda com a vida. Tire proveito das lições ensinadas. Supere seus débitos com galhardia. Procure não ser repetente. Respeite a vida e não perca as muitas oportunidades de evoluir.

Olhe em sua volta! Veja o céu, o sol, o amor, a paz, a flor.... Enquanto ele brilhar, existirá esperança.
Poderemos ser felizes, basta vermos tudo com olhos de amor, de gratidão, de compaixão, solidariedade... Não é favor. É amor, é Deus dentro de nós!

Faça de sua vida uma eterna primavera com flores e botões, pois viver é renovar se, é crescer. É querer ser cada vez melhor.

Você não precisa provar aos outros o que o você é. Apenas viva e tente ser feliz. Lute até o fim, busque os seus sonhos e ideais com a certeza de que os alcançará, restando lhe a satisfação do bom combate, da perseverança e da vitória.

Os obstáculos são como os "espinhos" que alicerçam a flor e se vão, dando lugar à sua exuberância, ornada de pétalas rubras e enternecidas de paz rumo a Casa do Pai.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ENTREVISTA SOBRE ACESSIBILIDADE


ENTREVISTA SOBRE ACESSIBILIDADE
para integrar trabalho interdisciplinar de conclusão do curso Design de Interiores da PUC-GO.
(Genaura Tormin)

1) Em sua opinião, até que ponto a legislação brasileira, responsável pela criação de normas e padrões de acessibilidade, atende às expectativas das pessoas com deficiência?

R - Há farta legislação que garante o exercício desse direito, abrindo portas para melhorar a acessibilidade a todos os lugares. A Lei n.˚ 7.853, de 24 de outubro de 1989, Decreto n.˚ 3.298, de 21 de dezembro de 1999, Lei n.˚ 10.048, de 08 de novembro de 2000, Lei n.˚ 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e no Decreto n.˚ 5.296, de 02 de dezembro de 2004, estabelecem normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias, espaços e serviços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação. A Convenção da ONU sobre Direitos da Pessoa com Deficiência é o primeiro tratado internacional a vigorar no País com status constitucional, ratificado no Congresso Nacional em 09/07/2008, pelo decreto legislativo nº 186/2008, promulgado pelo Decreto n.˚ 6.949, de 25 de agosto de 2009. Essa Convenção é um tratado forte que marcará uma época, legando respeito a um segmento até então à margem da sociedade. Apresenta um conceito revolucionário sobre a Pessoa com Deficiência.
Significa poderoso instrumento legal para garantir direitos a todas as pessoas com deficiência em igualdade de condições com as demais pessoas.


2) Você acredita que esta legislação está sendo aplicada de forma eficiente pelo poder público e por profissionais como arquitetos, engenheiros e designers?

R - A Administração Pública tem papel preponderante na criação de novos padrões de consumo e produção e na construção de uma sociedade mais inclusiva, razão pela qual detém a capacidade e o dever de potencializar, estimular e multiplicar a utilização de recursos e tecnologias assistivas, com vistas à garantia plena da acessibilidade e a inclusão das pessoas com deficiência. E isso se faz baseado na legislação. É uma norma cogente.
Não obstante haja muito desconhecimento técnico do nosso dia-a-dia, ainda embasado na discriminação e no preconceito diante dos grupos vulneráveis, acredito que os arquitetos, engenheiros e designers têm muito a aprender, pesquisar, para conhecer o nosso modus operandi de fazer as coisas, de viver...
Ao Poder Público e aos seus órgãos cabem assegurar à pessoa com deficiência o pleno exercício de seus direitos, inclusive o direito ao trabalho, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Isso é lei e tem de ser cumprida, no exercício da inclusão e da adequação do ambiente, nos locais de trabalho de pessoas com deficiência.

3) Existe, por parte dos portadores de necessidades especiais e da população de um modo geral, o conhecimento dessa legislação, ou seja, a consciência dos direitos relativos à acessibilidade?

R - Eu acredito que boa parte das pessoas com deficiência tem conhecimento, mesmo por que há muita divulgação, incluindo campanhas por meio da mídia falada, escrita, televisionada e principalmente pela rede mundial de computadores. Muita coisa tem mudado para melhor. Hoje, a informação chega com muita rapidez. O avanço cibernético, a informática, a globalização são os responsáveis por tanta celeridade de progresso. Posso dizer que já há mais respeito, menos medo de nossa estampa.
Há muitas pessoas com deficiência estudando, passando em concursos, ocupando cargos públicos e outros empregos também na rede da economia privada. Precisamos sair dessa cultura de assistencialismo filantrópico para a equiparação no mercado de trabalho. Qualquer pessoa com deficiência, que se sinta realmente incluída num ambiente de trabalho acessível, produz e se evidencia em qualidade em diversos labores, de acordo com o conhecimento técnico científico. Os potenciais afloram mais aguçados, tentando superar de outras formas a falta ou disfunções de membros.
Da mesma maneira que se preparam crianças para a vida, por meio da escolaridade, o Estado/tutor deveria propiciar às pessoas com deficiência, adquiridas ou não, além da escolaridade curricular, a educação profissional que as introduzirá no mercado de trabalho, sem ter que ficar sob o jugo do assistencialismo, que camufla a capacidade e humilha, sem se falar da baixa estima que, muitas vezes, leva à depressão e ao suicídio.

4) O Design Universal hoje oferece uma gama de produtos, serviços e ambientes que facilitam a vida dos portadores de necessidades especiais. Até que ponto esta oferta está em sintonia com a demanda?

R - Cada caso é um caso, pois as deficiências têm conotações e limitações diferentes, razão por que o profissional deve fazer pesquisa de campo, abrangente, partindo de um conceito universal. Nem sempre o que determina a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é o que atende satisfatoriamente. O próprio CRER, em nossa cidade, construído especificamente para reabilitar a pessoa com deficiência, não tem adaptação satisfatória. Nas edificações de logradouros públicos, quase nunca somos consultados quando de sua feitura, especialmente quanto aos banheiros, onde há certas peculiaridades e a necessidade de usá-los é vital para o ser humano. Nem os banheiros dos hospitais são construídos para nós. O improviso tem sido o nosso lema, acompanhado, é claro, de tristeza e constrangimento.
Cálculos mostram que os custos financeiros da construção de uma obra adequada e com acessibilidade às pessoas com deficiência, ou melhor, a todas as diversidades, ficam acrescidos, apenas, de 2%.

5) No seu caso específico, quais foram os maiores desafios enfrentados para conseguir independência e desembaraço no seu dia-a-dia?

R - Lógico que envidei muitos esforços para reverter o descalabro da situação. Mesmo por que sou paraplégica há 28 anos. Enfrentei o empirismo dessa condição. Sou guerreira de muitas batalhas para não ser escória de uma sociedade que, geralmente, só aceita os fortes, perfeitos e vencedores, alienando a pessoa com deficiência, sem entender que ela também é forte e vencedora de si mesma, compulsoriamente. É um resquício da cultura legada pelo modelo filantrópico. Vencer barreiras arquitetônicas é um dos grandes desafios enfrentados no dia a dia da pessoa com deficiência física, principalmente a que deambula de cadeira de rodas. Comigo não foi diferente. Tenho tido dificuldades para entrar nos banheiros dos hotéis durante as viagens. Aí a criatividade e o improviso se encarregam, preocupando-me para não ficar triste. Às vezes, lavo o rosto com toalha molhada, fico sem tomar banho, lavo as axilas, as partes íntimas [risos]... Tendo o marido por perto, tudo fica fácil, embora não deixe de reclamar (da falta de adaptações) para criar consciência popular. Não me constranjo em subir escadas nos braços de alguém. Faço isso para que outras pessoas vejam. Pode ter ali um futuro arquiteto, um futuro engenheiro, solo fértil para o plantio da semente. Assim, a cada dificuldade vencida, tenho a sensação de que valho mais, sirvo mais e vou me amando mais. Não sei, exatamente, se minha cadeira de rodas constitui problema ou dádiva. Sei apenas que começo a devotar-lhe gratidão. É por meio dela que ando, lido, participo da vida lá fora e me nivelo aos demais. Se não houvesse o desafio, os circenses não ganhavam a vida em grandes acrobacias. A conquista significa o mérito que laureia o nosso esforço. Tem-se um limão, que tal uma boa limonada?

6) O seu local de trabalho foi criado ou adaptado para atender suas necessidades específicas? Como foi esse processo?

No tribunal, tenho uma central de trabalho adaptada às minhas condições de mobilidade, respeitadas as condições ergométricas. Mesmo assim, tenho LER. O banheiro é devidamente adaptado, bem como a garagem. O tribunal é servido por rampas e elevadores para acesso a andares superiores. Um respeito e o cumprimento da legislação inclusiva.

7) A tendência do Design Universal hoje é a de criar ambientes capazes de atender a todas as pessoas, independente da idade, habilidade ou condição de saúde.
Você acredita que em um ambiente assim, naturalmente inclusivo, onde um paraplégico se sentiria mais seguro, mais confiante?

R - Com certeza. Acredito muito! É o Projeto universal com integração de acessibilidade para todos. Afinal a sociedade é heterogênea. É o que se chama “projetar acessível”, que significa uma concepção moderna de arquitetura urbanística e ambiental voltada ao bem de todos. O passo mais importante para a efetivação dessa política em nosso país é a acessibilidade, a quebra de barreiras arquitetônicas, requisito básico para que a pessoa com deficiência viva com dignidade e produza no mercado de trabalho.

8) No seu escritório você criou todas as facilidades para se locomover e para trabalhar com segurança e independência. E quando você sai do escritório, como você se sente?

R – Infelizmente o mundo não é adaptado para nós. O improviso é muito importante, além do cuidado para não ficar triste. Aprende-se outra maneira de viver, encontra-se outras ferramentas de auxílio, pois é necessário conquistar a liberdade de ir e vir, de produzir, mesmo a duras penas, para garantir a nossa inclusão na sociedade.
Particularmente, o meu local de trabalho ou lazer na minha residência, é o melhor possível, planejado com cuidado, como se fosse um longa manus, dimensionando-me as asas para planar nos veios dos versos. Sou poeta.

E O VENTO NÃO LEVOU MESMO!
(Genaura Tormin

Um tornado arrancou portas,
Matou sonhos, abalou desejos,
Revirou a casa, modificou costumes...
Levou os passos andejos.

No canto da vida, tudo quebrado,
Esfacelado no peito da agonia.
Sem conserto para tanto desmantelo,
A tristeza fazia companhia.

Mas o tornado passou!
E o vento não levou a bravura,
A coragem para reconstruir,
Reinventar passos, alar a mente,
Conquistar vida e seguir em frente.

E o que era uma casinha,
É hoje um castelo à beira da estrada,
Cheio de versos, de alegria,
Na fantasia da jornada.



Genaura Tormin
http://genaura.blogspot.com
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/GenauraTormin
http://casadapoesia.ning.com/profile/Genaura Tormin

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

ADVOGADO


ADVOGADO
(Genaura Tormin)

Um homem forte!
Operador do direito,
Quase um sacerdote!
Lutar é o teu dever!

Qual soldado
À frente da trincheira,
Enfrentas para vencer!

Legalidade e liberdade
São os alicerces
De tua vocação.

Defensor da justiça,
E dos direitos do cidadão,
És mesmo um guardião!
_____________________
Hoje é o dia do Advogado!
A ele o meu reconhecimento e a fé
no seu compromisso com a Justiça.

QUEM SOU


QUEM SOU
(Genaura Tormin)

Senta-te aqui,
Ouve a minha história,
Segura-me as mãos,
Embala-me ao colo.

Faz-me uma carícia,
Um agrado,
Um chamego
E eu te direi quem sou.

domingo, 8 de agosto de 2010

CONFISSÃO DE UM FILHO


Este poema não é meu. É de minha irmã Josefa Alteff. Muito apropriado para a data. Significa uma reflexão, um reconhecimento, embora tardio. Que pena!

CONFISSÃO DE UM FILHO
(Josefa Alteff)

Sabe, pai,
Hoje me lembro com saudades
Da minha infância,
Da nossa amizade!
Como éramos companheiros!
Amigos de verdade!

Lembro-me de que aos domingos,
Você dizia:
_ Filho, vista sua camisa,
Que hoje tem futebol!
E você, só para me agradar,
Até torcia para o meu time.
Éramos tão felizes!

Você, pai,
Foi um pai de verdade!
Eu me sentia orgulhoso, seguro,
Forte e até corajoso.
Você me dizia sempre,
Entusiasmado:
_ Filho, meu sonho é ver você formado!
Você vai ser o meu orgulho!

Pois é, pai,
Custou-lhe muito trabalho,
Muito sacrifício,
Uma vida de lutas!

Hoje, sou o seu sonho realizado!
Atrás de uma mesa de escritório,
Dirijo grandes negócios.
Sou mesmo muito importante!
A cada dia, cresço mais.
Estou subindo,
Sou um grande empresário!

E você?
Lembro-me de que o vi no trânsito,
Quando eu na rua passava apressado,
Sinaleiro fechando,
Compromissos me esperando,
Você me gritou:
_Ó amigão!!!
Olhei, e o vi!
Percebi que o tempo estava passando,
Tão veloz, tão rápido!

Enquanto eu ganhava vigor, fama, elogios,
Você ..., você, meu pai, perdia as energias.
O tempo deixava-lhe as marcas, o cansaço.
Mas, fui atencioso: respondi ao seu cumprimento.
_ Depois passo lá, meu velho!
O tempo me consome, estou apressado.
Do retrovisor, ainda pude ver
Você me acenando,
Com a mão me abençoando.

Orgulhoso do meu sucesso,
Você foi me ver no meu luxuoso escritório.
Sua visita foi-me anunciada!
Mas a hora era imprópria:
Interurbanos, reuniões de negócios,
Muitos lucros em evidência...
E você esperou, pacientemente.
Mas aquele abraço tão desejado
Terminou ficando para outra ocasião.
Afinal, eu sou um homem de negócios!

E assim, aconteceram outras vezes.
Mas eu queria tanto vê-lo,
Para lhe falar do meu sucesso e,
Quem sabe, relembrar o nosso futebol...
Entenda, pai,
Não posso parar!
15, 30, 40 minutos
São preciosos para mim.

Ah! Meu velho, o tempo voa e eu também.
Outro dia o vi sentado no banco da praça.
Como estava diferente!
Cabisbaixo, solitário, cabelos brancos,
Barba por fazer...
Logo você que era tão vaidoso!

Mesmo de longe, envie-lhe um grito:
_ Oi, paizão! Tudo bem?!
E com o sorriso de uma esperança gasta,
Você me acenou,
Em cujo gesto compreendi
O costumeiro “Deus te abençoe, meu filho!”

Hoje aqui, também solitário,
Repasso o filme de minha vida.
Que saudades!
Dói-me muito
Ao olhar foto, já tão amarelada,
Esquecida, talvez,
Lembrança de minha primeira comunhão.
Surpreso fiquei.
Na foto, estávamos nós.
Ao fundo a imagem do Coração de Jesus.

Que dia lindo!
Dia maravilhoso, aquele!
Eu com o coração cheio de Jesus
E você, feliz por eu ser o seu filho.

Volto agora à realidade!
Que é de você, meu pai?
Aquele amigão, companheiro, camarada?
O que eu fiz de você?
Descartei, como uma coisa ultrapassada?
Tarde demais,
Para entender que você era a minha riqueza,
O meu alicerce verdadeiro.

Pai, nenhum carinho lhe fiz,
Nem atenção lhe dei!
Fui ingrato, fui cruel, fui egoísta.
Não posso mais voltar atrás.
Nada, agora, tem conserto.
Perdi você, meu velho!
Perdoa a mim,
Por entender tão tarde,
Uma culpa tão grande!

LEVE, LIVRE & SOLTA!


Sejam bem vindos!
Vocês alegram a minh'alma e meu coração.

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Era uma luz no fim do túnel e eu não podia perder.
Era a oportunidade que me batia à porta.
Seria uma Delegada de Polícia, mesmo paraplégica!
Registrei a idéia e parti para o confronto.
Talvez o mais ousado de toda a minha vida.
Era tudo ou NADA!
(Genaura Tormin)



"Sou como a Rocha nua e crua, onde o navio bate e recua na amplidão do espaço a ermo.
Posso cair. Caio!
Mas caio de pé por cima dos meus escombros".
Embora não haja a força motora para manter-me fisicamente ereta, alicerço-me nas asas da CORAGEM, do OTIMISMO e da FÉ.

(Genaura Tormin)