PLANTIO

PLANTIO
PLANTIO
(Genaura Tormin)

Deus,
Senhor dos mares e montes,
Das flores e fontes.
Senhor da vida!
Senhor dos meus versos,
Do meu canto.

A Ti agradeço
A força para a jornada,
A emoção da semeadura,
A alegria da colheita.

Ao celeiro,
Recolho os frutos.
Renovo a fé no trabalho justo,
Na divisão do pão,
. E do amor fraterno.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

COLÉGIO DE FREIRAS


Colégio de freiras
Genaura Tormin
Era um lar, o colégio! Daqueles que não existem mais. A educação disciplinada, permeada de trabalho, lazer, esporte e instrução, construíra os alicerces que fizeram de nós o que somos hoje.

M
inhas recordações voltavam à fazenda do meu pai. Ele comprara um caminhão e partira para o nordeste brasileiro para trazer peões, pessoas para o serviço de lavrar a terra. A colheita aproximava-se e ele não poderia prescindir da mão-de-obra.
Na volta, papai encontrara o lar desfeito. A esposa o abandonara. Triste, papai não abdicara das filhas, embora os tios se prontificassem a ficar conosco: eu, Josefa e Zélia. As duas últimas do segundo casamento.
Naquele ano, com o impasse, houvera grande prejuízo nas atividades da fazenda, bem como da casa de farinha. Papai não desanimara. Sempre tivera pulso forte e determinação. Embora não tivesse estudo didático, sabia expôr as suas ideias e conseguir o desejado.
— Vou internar vocês num colégio de freiras. Quero que vençam na vida pelo estudo, pela boa educação. Somente elas poderão ensinar isso a vocês — exclamara papai.
Eu tinha nove anos, naquela época.
Numa madrugada fria, saímos de Minas. A lua branca ainda passeava no céu estrelado, banhando de luz a silhueta do papai. O terreiro de chão batido, o tamboril, o curral, os pés de laranjeiras carregadinhos de frutos, a casa da fazenda de janelas fechadas na calada da noite, ficaram impregnados em mim feito um presságio de saudade e gratidão. Não posso esquecer do seu telhado vermelho, iluminado pela luz da lua, distanciando-se a cada vez que olhávamos para trás. O ar frio daquela madrugada exalava perfume de flores silvestres, misturando-se ao zumbido de insetos e ao chilrear de pássaros notívagos.
Éramos seguidos pelas próprias sombras que se esgueiravam ao lado. O caminho fazia curvas entre os arvoredos e parecia não ter fim. As montanhas se delineavam à frente, como a se despedirem de nós. De vez em quando a lua brincava de esconde-esconde nas frondes das árvores e dos coqueiros, alumiando a plantação de algodão que se debulhava em flocos brancos entre a ramagem verde e viçosa. Ninguém ousava conversar, embora o iminente desbravamento do desconhecido acalentasse as nossas almas. Num clima nostálgico, ouvia-se ao longe o cantar de galos, anunciando os albores da manhã.
Na ponte, o riacho gorgolejava entre as pedras, exibindo os alvos lírios à sua margem, enfeitado pelo cricrilar de grilos no rumorejo do mato denso. As libélulas, em vaporosa dança, faziam reverências ao amanhecer, que despontava em tênue claridade por trás serra. O vapor do riacho deixava visível seu curso pelas terras da fazenda, feito a fumaça de um trem de ferro. Eram lágrimas evaporadas num adeus inaudível. Ao atravessá-lo, não pude conter o pranto. O coração ficava naquelas águas, naquelas margens que nos proporcionaram tanta alegria. Era ali que a nossa fantasia criava asas, voava em histórias de príncipes montados em cavados brancos, de bruxas malvadas, castelos assombrados, portas subterrâneas para lugares encantados, fabricados pela fertilidade do nosso mundo de criança, debulhado em magias.
O cheiro da manhã, impregnado de odores tão queridos, cravava em mim as últimas flechas. Até uma coruja entoara seu canto triste por despedida. A saudade da casa da fazenda, dos folguedos, da comida gostosa feita no fogão à lenha, já se fazia sentir. A ordem era sermos fortes apesar da pouca idade. Assim íamos deixando para trás parte de nós rumo a um novo destino. Com certeza, seria um marco divisor que marcaria o resto de nossas vidas.
Na rodovia, ao tomarmos o ônibus, o coração apertara-se no peito, agitando-me o corpo frágil em tremores e náuseas. Uma saudade cortante remexia-me as vísceras. Era a certeza de um adeus definitivo que se misturava à poeira da estrada deixada para trás. Eu não podia chorar! Percebia que papai estava fazendo o melhor por nós. Mesmo criança, eu entendia que mudar era necessário. O meu espírito já estava sendo previamente preparado para suportar as intempéries da vida. Talvez eu fosse rocha e não soubesse.
Chegando a Goiânia, ficamos em casa de um amigo do papai por alguns dias. No Colégio Santo Agostinho, papai fora bater. Era dirigido por freiras. Infelizmente, não pudemos ficar lá. Os encargos financeiros não estavam ao alcance de um lavrador que, de rico, tinha apenas o espírito altruísta e determinado.
— Vou falar com o Governador para ver se arranjo colégio conveniado. Não posso pagar preço tão elevado!
Um vereador, amigo dos donos da casa onde estávamos hospedados, prometera ajudar papai. Sabia que jamais ele falaria com o Governador. O jeito de lavrador e o chapéu o impediriam.
Dias depois, estávamos no escritório da Madre Hortênsia, diretora do Lar Escola Nossa Senhora de Lourdes.
Papai ficara encantado com as instalações e o trato dispensado às crianças. Muito espaço físico, majestoso refeitório e a algazarra da meninada que brincava ao vento. Havia uma capela, onde entramos por alguns minutos. Na simplicidade de homem do campo, papai ajoelhara-se e nós também. Talvez, agradecesse ou implorasse alguma ajuda.
O certo é que tudo se encaminhava da melhor forma possível. Deus estava mesmo do nosso lado. Parece que a Madre Superiora gostou da gente. Após longa entrevista (tipo cadastro), informou que o colégio era mantido pela Legião Brasileira de Assistência e que papai nada pagaria.
Os primeiros dias de internato foram difíceis. Estávamos acostumadas com a liberdade da natureza, com a produção farta do pomar, com as asas-de-moleque nos píncaros das mangueiras, cajueiros, amoreiras; os banhos, todo fim de tarde, no remanso do riacho. O primeiro copo de leite tomado no curral. Tudo, trocado agora, por uma liberdade metódica, disciplinada, relativa.
Assim vivemos no internato durante nove anos. Crescemos lá. Quanta saudade daquele tempo! Quanta saudade das férias, das festas, dos teatros, das colegas e das freiras. Eram muitas, as nossas mães. Freiras abnegadas que nos emprestavam amor de mãe sem nunca haverem transado a maternidade real. Como as respeito! Num misto de gratidão e saudade, guardo-as no coração.
Era um lar, o colégio! Daqueles que não existem mais. A educação disciplinada, permeada de trabalho, lazer, esporte e instrução, construíra os alicerces que fizeram de nós o que somos hoje.
Quanta saudade dos trabalhos manuais, da culinária, das aulas de violão, encadernação, cartonagem! Quanta saudade! Era o preparo para a criação da família: o passaporte, principalmente, para o casamento.
Lembro-me tanto da festa natalina! Quanta guloseima! As mesas enfeitadas para a ceia, à meia-noite, logo depois da missa. Que alegria, que ansiedade para ver os presentes e os muitos bombons coloridos, sem nunca faltar o pão-de-mel do qual eu gostava tanto. Tudo era feito em segredo, o que aumentava a nossa curiosidade, fazendo-nos sonhar com o grande dia. Quando se abria a larga porta do refeitório, parecia a entrada para o céu. O teto abundantemente iluminado, com estrelas brilhantes de todas as cores e a tradicional música de Natal, fazia-me sentir a criança mais feliz do mundo. Não havia tristeza no Natal. Todas nós exibíamos roupas e sapatos novos, coloridos, lindos... Parecia que, de repente, virávamos princesas. Nesse dia, as freiras não conseguiam conter a algazarra que fazíamos nos dormitórios com a passagem do Papai Noel. O bom velhinho deixava presentes para todas nós. Os olhinhos brilhavam de felicidade. Muitas choravam ao abrirem os presentes e confirmarem que o pedido da cartinha havia sido atendido. Que papai Noel legal!
O café da manhã e o almoço do dia de Natal eram sempre muito gostosos, ouriçando o nosso paladar, tornando grande a espera. Que dia lindo! Até hoje sou encantada com a data natalina e o Jesus-Menino volta-me sempre às origens. Os anos regridem e eu me sinto menina outra vez.
Lembro-me da concepção do Deus que criei para mim. E eu era “Filha de Maria”, uma congregação de moças que usavam traje branco com faixa azul na cintura durante as cerimônias litúrgicas. Lembro-me das missas em latim, das procissões, dos retiros, do aniversário da gente, quando ganhávamos estampas de santinhos com lindas dedicatórias, além dos “parabéns a você” no refeitório repleto de meninas, onde a amizade era o elo da fraternidade, do afeto, dos folguedos cheios de encantamento e sorrisos.
A lembrança das músicas sacras do velho órgão da capela traz de volta o passado tão distante.
Os primeiros sonhos e a primeira poesia. Eu tinha treze anos. De repente senti-me fêmea. Com isso viera o sentimento de que amaria um homem, faria um ninho de amor cheio de bombons, morangos e muitas borboletas, além de um jardim florido, enfeitado de crianças. Na última folha do caderno de matemática grafei a poesia, a confirmação de minha feminilidade e o dom de poetisa.

Espera

Espero-te,
Porque sei que virás!
Lindo,
Como o vejo em pensamento.

Tu, que me dás saudades!
Tu, que não conheço,
Serás meu,
Somente meu!

A ti, contarei dos dias de vigílias
E falarei da solidão.
Sei que tu virás um dia.
E o meu mundo
Será de muitas cores.

Tu, meu amor,
Serás realidade,
Eu sei.

É por isso
Que não me canso
De esperar-te sempre,
No calor dos dias,
No frio das madrugadas.

Quando chegares,
Tudo será dourado,
Cheio de encanto,
Sem pranto.

Esta saudade louca,
Que de ti eu sinto,
Será esquecida
Com a tua presença.

Tu, insubstituivelmente tu,
Serás meu!
Serás ternura!
E eu serei tua,
Amor!

Lembro-me, também, com saudade, da oração da noite, do canto de agradecimento antes e depois das refeições que cultivo até hoje. Lembro-me do jogo de tênis todas as tardes de domingo. Os passeios de trem de ferro. O sucesso na escola. E eu estudava fora dos muros do Colégio. Era bolsista do Colégio Santo Agostinho, onde fiz o ginásio.
De menina-moça fui me tornando mulher. As formas curvilíneas faziam-me altiva, faceira... Desabrochava para a vida. Os ensinamentos recebidos ajudaram-me muito.
Aos dezoito anos, deixei o colégio. Tinha que construir a própria vida, agora sozinha, gerindo os sucessos e incertezas. Josefa e Zélia havia saído antes do Colégio e moravam com o papai em Minas Gerais. Eu optara pelos estudos. Mesmo sem a companhia de minhas irmãs, permaneci no internato. Eu sabia que não era fácil viver. As peripécias que havia enfrentado confirmavam essa verdade. Entretanto acreditava nos meus potenciais e sempre pensei grande. Desde pequena pensava num futuro bordado de estrelas. Mas ele não viria sozinho, é claro, eu precisava ir atrás dele, conquistá-lo, fazer a minha parte. A gente só fracassa quando desiste de tentar.
Embora ao arrepio do papai, mamãe viera morar comigo, ou melhor, viera para que eu morasse com ela. Viera me oferecer apoio para que eu pudesse deslanchar em busca dos sonhos.
Ingressei na Secretaria da Segurança Pública e Justiça do Estado de Goiás como escrituraria contratada, cuja indicação devo-a ao jornalista Altamir Vieira e sua esposa Rosete, que, solidariamente, ofereceram-me o caminho para que eu construísse os passos. Devoto-lhes gratidão. Precisava continuar os estudos e o emprego propiciava isso.
Com a entrada de novo Governador e por contenção de despesas, rescindiram o meu contrato e os de quarenta e seis outros servidores.
Com a pertinácia que me ensinara a vida, não deixei o trabalho e fui nomeada a primeira Delegada Municipal comissionada do Estado de Goiás, pelo então secretário, Dr. Gonzaga Jayme, a quem devo as orientações de verdadeiro pai naquela fase tão primária de minha vida.
Com base na isonomia constitucional é que se pleiteara o cargo de Delegado Municipal, até então inusitado para mulher. Deu certo. Caso contrário, teria perdido o tempo trabalhado e, quem sabe, não seria uma delegada de carreira, formada em Direito, condição indispensável para o ingresso, além do concurso, é claro.
Por ter ascendido a cargo tão esdrúxulo, com tão pouca idade, o jornal Cinco de Março publicara, na ocasião, a manchete: “Moça inexperiente nomeada para combater bandidos no interior de Goiás”. Depois o cargo de escrivão fora regulamentado e submetido a concurso. Prestei-o e efetivei-me na carreira. Era o que melhor me parecia no momento. Os planos eram muitos e eu precisava alcançá-los.
Terminando o curso Técnico de Contabilidade, casei-me com o também funcionário da Segurança Pública, Alfredo de Paiva Tormin, formado em Odontologia, a quem namorava há três anos. Irmanamos os ideais e construímos um lar feliz.
A cada ano, um presente especial: um filho. Formamos um pequeno time de futebol de salão: quatro filhos. Lindos, inteligentes, aumentavam a nossa razão de viver.
Grávida do último filho, Alfredo e eu ingressamos no curso de Direito. Antes de terminá-lo fui promovida ao cargo de Comissário de Polícia.
Quando me preparava para o concurso ao cargo de Defensor Público, que se realizaria em Brasília, eis que a mão da fatalidade cerceia as minhas pernas, paralisa a destreza dos meus passos. Dois dias antes da aplicação do concurso, estava no hospital. Também me submetendo a provas; e que provas! A prova que me aplicava, inexoravelmente, a vida!
A fraqueza teria que se transformar em forças, compulsoriamente. A palavra de ordem era LUTAR.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

O TEO E O FRED




O TEO E O FRED
(Genaura Tormin)

O Teo é um poema de pano que acabei de fazer!
Bonito, solidário e querido! 
Logo gostou do cenário e dos colegas. 
O Fred o recebeu com carinho e até se abraçaram.

Uma gracinha!
Isso me incentiva na cria de outros mais.
Uma diversão, um incentivo e, por que não dizer, 
um afeto dividido com os meus leitores 
que parecem gostar do que faço.

Para mim são sempre individualidades.
Sou eu a mais cativada com esse ofício 
que me apareceu tão de repente!
Estou fazendo uma família e 
me aperfeiçoando no feitio que me faz tão bem

Hasta luego!

domingo, 9 de setembro de 2018

O PEQUENO PRÍNCIPE


O PEQUENO PRÍNCIPE
(Genaura Tomin)


Acabei de fazer!
Amei! Com quem se parece?
- Sou o Pequeno Príncipe!
Até a flor eu trago no bolso, 
do lado do coração!

Realmente,
“Tu te tornas eternamente responsável 
por tudo aquilo que cativas!”

“O essencial é invisível aos olhos.
É preciso buscar com o coração”. 
Não conhece?

Então leia O PEQUENO PRÍNCIPE 
e se apaixone pela flor, como eu!

Esse livrinho é um clássico, 
de Antoine de Saint-Exupéry.
É uma das obras mais amadas 
por adultos e crianças de todo o mundo.

Todos deveriam lê-lo.
Parece um livrinho infantil, 
mas os ensinamentos são muitos.

Hasta luego!

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

CARTEIRO SOLIDÁRIO



CARTEIRO SOLIDÁRIO
(Genaura Tormin)


Diversifiquei os poemas!


Hoje os faço também de pano. 


Estou adorando essa nova cria. Ficam tão lindos!


Devaneio-me em situações mil, gosto do que faço e crio historietas, 
sempre de caráter construtivo.

E assim, vou formando uma família, uma leva de pessoinhas boas, risonhas e afetivas. Meus netos adoram!

A cada observação, eu vou, conotativamente, criando uma situação e deixando jorrar um cadinho de afeto, de relações logoterápicas.
Um pouquinho de amor.

_ Mamãe, esse rapazinho está parecendo um carteiro.
Pronto, penso eu!
E aí faço-lhe uma sacola e eis o ZÉ CARTEIRO.

_ Por que você quer ser carteiro Zé? E ele me responde com galhardia.
_ Gosto da vida, gosto de trabalhar!
É a dignidade do homem!

Gosto das pessoas e penso que entregando-lhes cartas estou exercitando a afetividade!

Dessa forma estarei sendo o veículo capaz de fazê-las felizes.
Quantos gritos de alegria ouço ao entregar-lhe as cartas!
Isso me alegra.

Quantas notícias boas eu devo entregar-lhes todos os dias!!
Fico satisfeito e o sorriso maior termina sendo o meu.
Volto para casa feliz!

No caminho, pela cidade, às vezes alguém me chama:
_ Ô carteiro, ajude-me a atravessar a rua!
_ Com prazer, respondo eu. É uma oportunidade de servir!
E, eu gosto de ser chamado de ZÉ CARTEIRO.

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

MAIS UMA MENININHA DE CADEIRA DE RODAS



MAIS UMA MENININHA DE CADEIRA DE RODAS!
É A MARI
(Genaura Tormin)


Gostaria que essa situação não existisse.
Mas é real, existe!

São as adversidades, as diferenças!

Felizmente, com o avanço da tecnologia, os acessórios que nos alargam a acessibilidade, facilitando-nos a inclusão têm melhorado muito.
A sensibilidade é maior e temos sido vistos com respeito e carinho pelos mais variados seguimentos sociais.


A inclusão é uma verdade que se aperfeiçoa sempre.
Essa é mais uma cria, cujo prazer estampa-me as faces em contagiantes sorrisos. São poemas de pano especiais, eivados de poesia e sentimentos de gratidão à vida que me permite fazê-los tão bem.


Tudo em que botamos o coração, o amor e o contentamento fica bonito e no final vale a pena, como disse Fernando Pessoa.

Eu também uso uma cadeira de rodas e ostento com prazer essa bandeira, pois não há diferenças que separem almas nem que diminua a capacidade de amar.


Essa garota chama-se Mari!
É tão linda, sorriso farto, estudiosa, gosta de poesia e já as escreve!
Tem um coração de ouro, essa menininha!

segunda-feira, 23 de julho de 2018

ISA




"ISA”

(Genaura Tormin)



Mais uma cria concluída!

Essa é a Isa!

Amo fazer essas mocinhas!

Dão-me tanto prazer! 


Levam-me a tantos lugares, a muitos momentos lindos de minha vida!

Volto à infância risonha e doce!

Volto à liberdade do campo, do milharal que ouriçavam as maritacas numa sinfonia de paz! 


Volto ao gorgolejar do riacho, enfeitado por aromas mil que até hoje fazem-se presente em minhas lembranças. 

Foram as minhas origens no seio da natureza verde e florida! Sacrário de minha infância!


Depois o Colégio de Freiras aonde passei 9 anos desse meu tempo descobridor, tão encantado com tudo.

Como aprendi a viver!


Quantos ensinamentos, quantas brincadeiras, colegas... as freiras.

Eram muitas as nossas mães! 

Freiras abnegadas que nos emprestaram amor de mãe, sem nunca haverem experimentado a maternidade real.


E hoje, eis-me aqui a passear pelo meu passado e fazer bonecas.

A vida têm-me sido pródiga. Meu fardo tem sido leve e o meu jugo não oprime. Carrego-o com galhardia, deixando jorrar pelos caminhos o meu canto.

Não me canso de ser feliz! 


O resto são ensinamentos de que tanto preciso para moldar meu coração galopante pelas estradas dessa vida.

Assim, agradeço por ter nascido fêmea, poeta e entusiasmada pelos amores, pela vida, pela arte de fazer versos, incluindo agora os poemas de pano que me transformam em sorrisos.


Agradeço à prole que, por mim viera ao mundo, devolvendo-me agora netos lindos e carinhosos para quem eu aprendi a “bonecar”.

Hasta luego!


sexta-feira, 13 de julho de 2018

UM FEEDBACK




UM FEEDBACK
(Genaura Tormin)

Depois da reunião, 
Beto e Suzi conversam sobre o que ali foi tratado, 
assegurando o êxito dos projetos e conquistas. 

Realmente, não estamos à deriva, conclui Beto. 
O trabalho é dignidade do homem.
 
Suzi respalda: 
“Não se deve dar ao homem o que ele pode ganhar 
com o fruto do seu trabalho, 
sob pena de roubar-lhe a dignidade”! 

Estamos no front, finaliza Beto!

DISCUTINDO METAS



DISCUTINDO METAS
(Genaura Tormin)

Reunidos para um lazer?
Que nada! Conversa séria! Projetos! 
Que povinho animado!
Conversa é o que não falta. 
Pensam em tudo e pleiteiam melhoras para a categoria. 
Os ensinamentos são muitos. 

Costumam dizer: para nós, nada sem nós. 
Isto é, quem sabe é quem experimenta. 
Certíssimo! 

Estudam, trabalham e participam do exercício da vida, 
pois ter uma deficiência física não significa estar obstaculizado de perseguir sonhos, 
conquistar divisas e ocupar um lugar ao sol no contexto social, 
dentro da qualificação e competência que lhe sejam peculiares.
Exercer a cidadania é um direito de todos.

FAUNA DE SONHOS


                  Embora a agressão das dificuldades, da saudades tão grande do meu marido que foi morar na outra dimensão da vida, da solidão que me dilacera o peito, eu tenho que seguir, erguer meu brado altaneiro para acalentar o meu avesso tão sofrido.
                 Vasculho cantos, volto ao passado e canto.


FAUNA DOS SONHOS
(Genaura Tormin)

O tempo levou-me os sonhos,
Tantas esperanças,
Retratados em desejos mil,
Na fértil imaginação de criança.
Como era feliz e não sabia!
Sem máscaras, sem disfarces...
Apenas eu mesma: sorriso escancarado,
Correndo ao vento,
Aos píncaros dos folguedos do meu tempo.

No céu talhado de nuvens,
Bordava as fantasias 
Com os flocos dançarinos de algodão.
E as mágicas aconteciam,
Em carruagens, reis e rainhas,
Príncipes e lagos encantados.

Foram-se os anos, 
Tão rápidos, tão velozes,
Até que me descobri adulta.
Vi, com tristeza, que o sol radiante 
Havia mutilado as nuvens,
Os flocos de espuma, a fauna de sonhos,
Esconderijo dos meus desejos.

Em troca, restaram-me meras coisas,
Sem formas, vazias,
Dispersas em fumaça, em dores,
Que poluíram o azul de minha vida.
O horizonte, nem sei se existe mais.
Quisera ter impedido o sopro do vento.
Quisera ter retido as nuvens do meu tempo.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

EIS A NAMORADA DO DIDIGO


EIS A NAMORADA DO DIDIGO
(Genaura Tormin)

Didigo achou-se muito bonito e queria uma namorada.
Botei as mãos à obra e  criei a Belinha, uma garotinha linda! 

Ele se encantou e logo empunhou o dedinho e perguntou:
_ Rola um namorinho contigo, Princesa?

Mais do que depressa 
ela botou o chapeuzinho no chão
 e deitou a cabecinha no ombro dele.

Mas também, 
ambos são lindos e ninguém 
vive sem amor.
Vejam:



Ensimesmado! 
Dono da situação. Esbanjam satisfação!
O amor é lindo!

Hasta luego

ESTE É O DIDIGO



ESTE É O DIDIGO
(Genaura Tormin)

Acabei de fazer e estou 
apresentando para vocês! 
A sacola está cheia de pedrinhas! 

Esse menino está querendo um estilingue. 

Gostei! 
Dois dos meus filhos eram loirinhos assim. 

Hasta luego!

PÉRGULAS DO DESTINO



PÉRGULAS DO DESTINO
(Genaura Tormin)

Sei que incomodo!
Estou além do meu tempo!

Construo pontes, vou às fontes,
Enfrento tornados,
Rebato o desalento,
E me faço contente.

Se brilho?
É só consequência.

Não me rendo! 
As armas empunho.
Procuro sobrevivência.

Pego o meu fardo 
E vou seguindo,
Catarolando pelos caminhos,
Pérgulas do destino.

O coração está sereno,
A alma em paz,
E trânquila 
Está a Consciência.

UM PAPO DESCONTRAÍDO



UM PAPO DESCONTRAÍDO
(Genaura Tormin)

Duas amigas: a Cida e a Nanda, 
sentadas para 
um “papo” descontraído. 
Do que falam, eu não sei.

São minhas crias. 
Há muito amor envolvido, muito prazer, 
chegando a ser terapia... como gosto de dizer. 

São os meus poemas de panos, versos que só agora 
aprendi a fazê-los para suprir lacunas, 
espantar a solidão, 
a saudade do marido que partiu para a 
outra dimensão da vida 
 e fabricar felicidade.

CIDA E LU



CIDA E LU
(Genaura Tormin)


Aqui, a Lu auxiliando a Cida, pois, nem sempre 
o mobiliário das cidades oferecem-nos 
acesso para o ir e vir. 
São as barreiras de concreto que nos tornam diferentes.
Costumo dizer que a pessoa com deficiência
é uma campeã de si mesma!
Devidamente inserida num ambiente
plenamente adaptado produz e se evidencia,
pois o desafio é sua arma, seu cajado. 

Ambas foram feitas por mim. 
São versos de poemas diferentes,
eivados de poesia e satisfação.


O auxílio espontâneo e amistoso 
faz parte da felicidade, do amor crístico, 
da solidariedade com o irmão em dificuldade. 
É também amizade, 
respeito e carinho.


LEVE, LIVRE & SOLTA!


Sejam bem vindos!
Vocês alegram a minh'alma e meu coração.

Powered By Blogger

Era uma luz no fim do túnel e eu não podia perder.
Era a oportunidade que me batia à porta.
Seria uma Delegada de Polícia, mesmo paraplégica!
Registrei a idéia e parti para o confronto.
Talvez o mais ousado de toda a minha vida.
Era tudo ou NADA!
(Genaura Tormin)



"Sou como a Rocha nua e crua, onde o navio bate e recua na amplidão do espaço a ermo.
Posso cair. Caio!
Mas caio de pé por cima dos meus escombros".
Embora não haja a força motora para manter-me fisicamente ereta, alicerço-me nas asas da CORAGEM, do OTIMISMO e da FÉ.

(Genaura Tormin)