PLANTIO

PLANTIO
PLANTIO
(Genaura Tormin)

Deus,
Senhor dos mares e montes,
Das flores e fontes.
Senhor da vida!
Senhor dos meus versos,
Do meu canto.

A Ti agradeço
A força para a jornada,
A emoção da semeadura,
A alegria da colheita.

Ao celeiro,
Recolho os frutos.
Renovo a fé no trabalho justo,
Na divisão do pão,
. E do amor fraterno.

domingo, 18 de dezembro de 2016

SOBRE PÁSSARO SEM ASAS



PÁSSARO SEM ASAS


Genaura, minha querida!

Acabei de ler seu “PÁSSAROS SEM ASAS”.
Continuo em estado de graça. O livro chegou-me em boa hora.
Estava desanimada, para baixo e desde que o vi, comecei a ler sem parar.
Eu chorei, eu ri, eu me emocionei, mas principalmente, eu me animei.

Vivo a cada minuto e a cada passo lembrando você, sua luta, sua força, sua garra e sua vitória. Me policio cada vez que tenho pensamentos negativos, lembrando você como se fosse uma luz num farol mostrando o caminho para a navegação.

Eu já tinha por você um grande amor cheio de admiração. Sabia de sua luta, mas sabe-lo em detalhes, cada mínima dificuldade por você superada, deixou-me ainda mais admirada com sua força.

Sinceramente, não é para qualquer um.
E você é uma heroína. Uma grande mulher de quem tenho grande orgulho de ser amiga.

Agradeço a Deus o dia em que colocou você no meu caminho, pois é exemplo a ser passado para todos, todos os dias.

Vou passar seu livro adiante, emprestando a tanta gente que sei que encontrarão nele um alento e uma muleta para mudar a vida.

Genaura, você não é capaz de imaginar o que seu relato de vida é capaz de fazer às pessoas.

Continuo como disse, em estado de graça.

Obrigada por compartilhar comigo seu PÁSSARO SEM ASAS, que de “SEM ASAS” nada tem, pois é alado e capaz e sobrevoar sobre outras vidas  trazendo no bater das asas, a brisa que traz o perfume da compreensão, do amor, do exemplo e da superioridade de uma mente evoluída.

Parabéns querida!
E obrigada por tudo.

Marilene Mees Pretti
Taió- SC”



sábado, 10 de dezembro de 2016

RELEMBRANDO



RELEMBRANDO...
(Genaura Tormin)

Na Delegacia de Crimes de Acidentes de Trânsito, as ocorrências se intensificavam.
Ainda estava de lua-de-mel com a 2ª edição do meu livrinho, e era comum o recebimento de cartas, visitas, telefonemas... Um telefonema marcou-me muito naquela época. Era o de uma senhora, também paraplégica.

— Ganhei de presente o livro Pássaro Sem Asas de sua autoria e já o li três vezes. Fiquei pasmada como você consegue relacionar-se sexualmente com o marido. Desde a fatalidade que me ocorrera não mais fizemos amor. Choro todos os dias. Tenho bolsões sob os olhos. Penso muito em suicidar-me. A vida não tem sentido. Tomo tranquilizante e tenho uma moça para cuidar de mim. Meu marido saiu de casa sob a alegação de trabalho. Só retorna nos fins de semana. Ele se irrita ao me ver chorar. Acho que vai me abandonar — dissera-me ela, sentida.

— Você deve ler o meu livro mais vezes e tentar imitar-me. A vida não é fácil! Você tem de achar uma maneira de comandar-se, tomar as rédeas de sua casa. Na minha, continuo sendo a dona. Não tenho moça para cuidar de mim. Sou eu quem cuida de todos. 

Tudo como antes, embora as pernas não marquem passadas no chão. Por que tranquilizantes, choro, pessimismo? Ninguém vai resolver o seu problema a não ser você mesma! Ninguém gosta de ficar perto de pessoas assim. “Quem se alegra, segue em grupo, quem chora, segue sozinho”. Aja enquanto é tempo! Arrume-se! Tome gosto pela vida. Assuma a sua casa! A mente não sofreu defasagem. Ponha um sorriso no rosto! 

Reconquiste seu marido! Caso contrário, breve vai perdê-lo!
Lógico que ela não esperava essa resposta. Foi como se eu botasse água na fervura. Mas precisava ser assim. Teria que haver um choque para uma tomada de consciência. Senti que ela ficou desapontada e, simplesmente, despediu-se.

Dias depois, um mês talvez, telefonou-me dizendo haver seguido as minhas orientações.
— Estou outra! Joguei a tristeza fora, dei uma ajeitada no visual, reconquistei o marido e já fizemos amor! Valeu a “dura” que você me deu! Fiz do seu livro uma cartilha!

Fiquei feliz com as palavras da colega. Juro que da nossa primeira conversa restou-me um sentimento de culpa por haver sido tão dura. Sei que ela queria um ombro para chorar, mas a situação estava tão acentuada que o tratamento de choque seria a única solução. 

Energia, também, significa amor.
Tempos depois, noutra ligação, ela estava tão bem que queria arranjar um emprego. Queria sair de casa, atuar, trabalhar, participar... Orientei-a como pude. Afinal, tratava-se de uma pessoa erudita, o que facilitava a realização do seu desejo.

UM CONTO DE FÉRIAS


UM CONTO DE FÉRIAS
(Genaura Tormin)

Férias! 
Oba! 
Uma ocasião muito esperada. 
Planos muitos bailavam em nossos corações, cheios de fantasias. 
Eu tinha quase quinze anos nessa época. 
Reclusa num Colégio de Freiras desde os 9 anos de idade. 
Aprendi a viver assim.

As colegas, a rotina, a disciplina e o aprendizado eficaz eram a preparação para a vida. 
Cuidados responsáveis do meu pai. 
Eu era feliz!

Esperta, traquina, diziam que eu era inteligente. 
Naquele tempo, eu já fazia poemas levada pelos sonhos que bordavam a minha juventude, desnudada em sorrisos doces e trejeitos faceiros.
O meu mundo era muito pequeno, embora eu fizesse o curso ginásial fora dos muros do internato. 

Era bolsista no Colégio Santo Agostinho, dirigido por freiras agostinianas.
Egressa da zona rural, sentia saudades. Sonhava com a liberdade da natureza florida do meu torrão natal: o riacho que passava no fundo do quintal, o monjolo no seu árduo e cadenciado cantarolar, acompanhado pelo sonoro jato dágua, que impulsionava o seu trabalho. 

Saudade dos passeios pelos caminhos floridos, no lombo do cavalo. 
O céu, o cheiro do mato, da terra arada, o trinar dos pássaros alegravam a minha vida. 
Como eu era feliz e não sabia! 

Isso foi uma fase. Tudo é fase na vida. E tem que ser assim.
Agora, significavam saudades, naquele lugar distante, de arrojada arquitetura de concreto, bem diferente do meu antigo teto. 
Ali, a vida era pautada pela disciplina, muito longe do palco de tantos folguedos de menina, do mugido do gado, do cheiro de café sendo coado e leite fervendo, pela manhã. 
Mas isso era preciso!

O futuro batia à porta e papai pensava no melhor para nós. 
Homem austero, centrado, trabalhador, com grande senso de responsabilidade pela prole.
Ouriçadas com a chegada das férias, esperávamos ansiosas a hora da partida. 
Fazíamos vinhetas e cantarolávamos ao léu:

“Tá, tá chegando 
A hora das internas irem embora.
Papai me espera no portão!
Ai como é que vai ser bom!"

Dessa feita, fomos para a casa de uma tia, na fazenda, onde um córrego gorgolejava, com muitos seixos rolados e muitas árvores frutíferas, gado, cavalos... 

E à noite o céu estrelado bordava o limpo terreiro, rendilhando o chão. Que tempo bom!
Era quase a estampa da fazendinha de papai que nos viu crescer e tantas fantasias nos legou.

Ali, a fartura do pomar, as pamonhas roliças e gostosas, a comidinha feita no fogão à lenha, o feijão preto com arroz quentinho e costelinha de porco são lembranças que, ainda hoje, aguçam-me o paladar. 
Que saudade! 

A carne era frita e enlatada na banha de porco, para conservação, pois não havia geladeira. 
Tudo muito empírico, gostoso e sadio. 
Eu era quase uma mocinha. Sentia-me aflorar a libido. 

A feminilidade fazia-me bonita, faceira. 
As mudanças estampavam-se no meu corpo de menina-moça, exibindo-me as curvas, fazendo-me elegante. 

Nessa ocasião fomos à uma festa, um baile (um pagode, como era por lá conhecido), numa fazenda vizinha.
Era a primeira vez que iria à uma festa dançante. 
A empolgação tomava-me o coração! 

Tudo muito novo, diferente! 
E agora na condição de mocinha, cujas pretensões afofavam a mulher que pulsava em mim.
Na zona rural as meninas namoram cedo, assim, logo me apareceu um pretendente. 
Sorriso fácil, olhar cativante... 
Uma máscula figura que me ouriçou os hormônios, num gostoso tremor.
Um mancebo principesco que se conduzia num majestoso cavalo. 
Só faltava ser branco.

No verdor de sua idade, era falante, galanteador. 
Isso é inerente, como arma de conquista.

Sei que o meu sorriso o encantou. 
A corte logo se fez e meu coração pulsava altaneiro, descontrolado, abismado com a nova fase.
Não sabia que o amor era tão gostoso.
Como me lembro disso! 

Mas papai jamais aprovaria e as férias estavam no final. 
No dia seguinte retornaríamos ao Colégio. 
O ano letivo estava prestes a começar e eu teria que me esforçar.
Como lembrar é viver, eis a lembrança que guardei de um tempo tão distante. 
O meu ingresso na arte de ser mulher!

Não sei se posso chamar de primeiro namorado. 
Mas que gostei, ah, isso eu gostei muito. 
A noite não pode conciliar o meu sono, pois a alegria sacudia-me, aos borbotões, em desejos mil, diante das lembranças do que me havia acontecido. 
Lindo episódio que marcou um tempo, machucou meu coração e se foi qual revoadas de pássaros ao entardecer. 

Até hoje, parece que vejo e sinto aquele olhar másculo, que fitava com carinho, afagando o meu ser/mulher, encantado e enamorado.

Naquela noite, ao som de um violão, aos refegos de passos de dança, lastreado pelo salão, eu me senti MULHER!

Simples assim, a minha estreia!

terça-feira, 1 de novembro de 2016

A FORÇA DO AMOR



A FORÇA DO AMOR
(Genaura Tormin)

A vida seguia seu curso.
A família unida e engajada.
Podia-se dizer que era regida pelo slogan: Um por todos e todos por um, desde os mais tenros anos.

Problemas sempre vencidos e vitórias conquistadas.
Quatro filhos, o que favorecia as brincadeiras, passeios, amizade, tarefas... e a interação de amor que era partilhado no sorriso e na gratidão.

Todos bons filhos, bons amigos, bons alunos, e os mais lindos do mundo no meu coração de mãe.

Uma bênção em nossas vidas!
Agora já cursavam a Universidade.
Nós, os pais, éramos a estampa do contentamento, do sorriso farto e da alegria.
O caçula ingressara aos dezessete anos de idade, no Curso de Direito da Universidade Federal. Os filhos, geralmente, tentam seguir a profissão dos pais.

A adolescência, transcorrera sem problemas, numa família onde o diálogo se fazia presente e a autoridade também. Acredito mesmo, que ela deve ser uma empresa, por isso carece de uma boa gerência em todos os sentidos.

Errados princípios, dificultosos fins, costumava dizer sempre a minha mãe.
As etapas devem ser queimadas ao seu tempo, sem atropelamentos.

A fiscalização cabe aos pais, na tarefa responsável de endereçar suas crias na senda do bem, estimulando a fé e a crença no porvir, através do estudo, da educação e do trabalho, sempre sob as forças do bem, do amor e da fraternidade.

Como nós, eles também serão pais um dia.
A história dessa caminhada significam livros escritos na memória da família, no vagar do tempo, para a posteridade.

Frederico, como o último da prole, perquiria seu lugar nos escaninhos do nosso afeto.
Certo dia, chegou em casa acompanhado por uma linda garota que, ao me ver, estampou um largo sorriso e me chamou de tia.

Foi amor à primeira vista.
A danadinha, embora ainda criança, conquistou o meu afeto.
Cursava o segundo grau do colégio.

Posteriormente a sua família viera morar no nosso prédio. Agora éramos vizinhos!
Dessa época, eu me lembro que se alargaram os horizontes da amizade, fazendo-nos amigos de verdade.

De vez em quando, a menininha de cabelos pretos, olhos brilhantes, ternura à flor da pele, chegava em visita à nossa casa.

O sorriso iluminava o rosto daquele ser, ainda tão criança. Era o verdor dos seus quatorze anos de idade.

Chegava depressinha, feito a abelha que viceja a flor. Logo se despedia, sob a alegação de tarefas escolares.

Nos meandros de mim eu pensava: que menininha que estuda!? Será que estuda mesmo? Tantas tarefas assim?

Vou investigar. Afinal, sou delegada _ pensei eu.
Dias depois, lá vem a mocinha! Era a namoradinha do meu filho e a pergunta era quase sempre a mesma.

_ Tia, o Fred está?
E logo vinham as despedidas, com a explicação de que tinha que estudar.
_ Por que você estuda tanto, além da frequência à Escola? - Arrisquei perguntar.
_ Sabe, tia, meu pai morreu quando eu era bem pequena.

Somos três irmãs!
Minha mãe trabalha muito e é ela quem nos paga a escola e tudo o mais que precisamos. É mesmo uma guerreira e eu sinto que tenho que ajudar de alguma forma.

Na minha Escola, quem consegue classificar-se em primeiro lugar entre os demais alunos, não paga a mensalidade.

E é isso que tenho feito. É o mínimo que posso fazer! É o jeito para demonstrar-lhe minha gratidão, minha participação. Emociona-me dizer-lhe ao final do mês:
_ Mãe, eu tirei primeiro lugar de novo!

Foi uma explicação tão linda, que me embargou a voz, marejando-me os olhos, numa admiração incontida por uma garotinha de 14 anos.

E a vida a passar... dias, meses, anos!
Agora, a mocinha terminava o colegial e, sem cursinho, fora aprovada no vestibular para o Curso de Direito da Universidade Federal.

Ao término do curso, vieram as muitas aprovações em concursos públicos.
Hoje, ela é uma Promotora de Justiça!

Invertendo o refrão de minha mãe, eu digo, sem medo de errar:
Princípios certeiros, finais felizes!

E o amor a gerir toda uma vida!
Ele é sempre a maior e a melhor de todas as opções!
É Deus dentro da gente!

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

VIDA, VIDA MINHA!



VIDA! VIDA MINHA!
(Genaura Tormin)

A vida vai continuar! 
Serei uma caçadora, uma ave a voejar caminhos, procurar galho para fazer outro ninho! 
Meus poemas ficarão para a posteridade! 
Minha vida, decantada em prosa e verso alentará pessoas, restando assim, ainda um pouco de mim.
E quando eu me for, nas asas do vento, nos refegos da ramagem de uma tarde linda, com mistérios e cores, O Pássaro Sem Asas planará faceiro, contando um pouco desse meu jeito guerreiro, valente, de enfrentar desafios, cantar a vida e ser contente.

Despedida


Quando eu partir
Deixarei saudades...
Presença silenciosa.
Frases inaudíveis 
Ecoarão no ar.
Só, seguirei a minha estrada...
Nada levarei. 
Não é necessário.


Para trás,
Um lar vazio,
Uma lembrança gasta,
Uma janela aberta...
Mas se um dia,
Sentirem a minha falta,
Juro, não é covardia,
Deixem rolar o pranto,
Espantem essa agonia.


Em nome dessa partilha,
E da felicidade 
Que nos uniram um dia,
Relembrem os bons momentos.
E se eu puder,
Virei enxugar-lhes o pranto,
Num raio de sol, 
Num sopro do vento.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

NOVO CICLO



Novo ciclo
(Genaura Tormin)


Numa restropectiva de mim mesma, do alto de 70 anos vida, alicerçada pela minha abençoada cadeira de rodas, revejo a caminhada e agradeço! 
Tudo me veio na medida certa e no tempo exato. 
O Feitor da Vida sabe o que faz! 

Talvez se não tivesse sido assim, não teria tido tantos sucessos e as empreitadas não significavam conquistas no pódio de tantas vitórias. 
Um projeto bem sucedido! E não fui eu a arquiteta. Tudo chegava a seu turno, galopando em dinossauros ou burrinhos. 

E eu entendia o tamanho do esforço que haveria de fazer. Aprendi a ler as entrelinhas, bordadas por frases construtivas, nas encostas de tantos caminhos. E eu as segui!
Os motivos, pequenos ou grandes, eram tão convincentes para alavancar essa indômita vontade de viver que me estampa o ser. 

Aprendizado, sucessos e desafios mesclaram-se em todas as jornadas, fazendo-me sempre à prova de bala! E essa camisa de força nunca se apartou de mim! Eu a ostentarei até o fim.
Deus, família e trabalho foram sempre os meus melhores motivos. A razão de minha estada por aqui!

O ciclos foram-se encerrando para que outros tivessem lugar. 
Isso é o exercício da vida. 
O trabalho foi sempre a minha religião e o maior mestre. 
Novo ciclo se exibe agora garboso!

Acabo de ingressar no rol dos aposentados, companheiros de 3a. Idade!
Preciso domar esse meu coração valente!
Preciso aceitar e me despedir do meu oficial trabalho!

Queridos colegas:

Procurarei não ser prolixa para que os sentimentos não abram as comportas dos meus olhos, tão bem tarameladas para aqui estar
Cheguei!

Avalio o caminho, revejo os pés e no calendário do tempo, confiro os 70 anos de vida feliz e bem vivida, dos quais 51 anos ininterruptos de vida pública dedicada ao meu País.

O espelho ainda me fala de sorriso, otimismo, alegria e alguma beleza. 
Isso, porque tudo que fiz foi sob o comando do amor, da qualificação, da satisfação do fazer e do respeito ético.

E eis que chego neste final de estrada, com o sentimento de missão cumprida!
Mochila às costas, diante de vcs, para um abraço, um agradecimento, um até logo ou um até breve.
Chegou a hora de ir! Não estranhem se acaso eu chorar.

Egressa de um concurso para Analista Judiciário do TJDFT, aqui estou há 21 anos.
Foi um tempo de paz, de crescimento, de trabalho para que a prestação jurisdicional chegasse em tempo célere ao jurisdicionado, em que eu me senti feliz, contente, contribuindo com a Justiça do Trabalho do meu Estado.

Durante todos esses anos integrei-me bem às equipes, irmanando um só espírito-de-corpo, pois jamais me subjugo às subserviências em busca de protecionismo sob o álibi da cadeira de rodas que ocupo há 34 anos.
Ela não me posterga, pelo contrário, enobrece-me!
Convida-me ao desafio.
E eu gosto disso.

O nosso Tribunal potencializa os recursos e tecnologias assistivas visando à plena acessibilidade das pessoas com deficiência.
Isso se chama respeito, inclusão.
Nunca me senti diferente, discriminada.
Acredito que não há discriminação que resista à competência.
Não é necessário paternalismo nem diferenciação, apenas respeito às leis e à célebre frase de Rui Barbosa: “... tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam”.

Mas agora chegou a hora de ir.
Muitas saudades levarei.
Lembrar-me-ei de todos os companheiros de labor, com quem aqui convivi.
Essa linda história de trabalho neste Tribunal será um marco de saudade nas celas de minhas recordações no acalanto dos dias.

Mas a história ainda não acabou. Conotativamente fui formiga a vida inteira, agora vou ser cigarra: cantar a vida, bordar horizontes, irmarnar-me às asas dos pássaros e rever prados, campinas e montes, solfejando a lira dos poemas meus.

Nunca me esquecerei do tempo que aqui servi como formiga e fui tão, tão feliz.
Esta Corte de Justiça continuará minha também. 
Os Camaradas-formigas terão um lugarzinho cativo no meu coração.
Mas, agora, adeus!

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

UM PASSEIO COM PAPAI






UM PASSEIO COM PAPAI
(Genaura Tormin)


Eu e minhas irmãs!
Que saudade!

Todo tempo tem o seu sabor, os seus encantos, a sua magia!
Egressas da zona rural, nessa época, éramos internas num colégio de freiras, onde ficamos por 9 anos.
Tempo bom e bem vivido!
Linda infância.

A foto foi tirada durante um passeio com papai.
Como eram encantadoras essas saídas para desbravar o mundo sob a proteção do homem mais forte, mais bonito e mais valente! 
Um guerreiro!

E ele era o MEU PAI!
Quanto orgulho sentia eu!
Hoje, tudo é comprado com presentes!

Meu Deus, quanto vale um afeto!!!!!
Quanto vale o chegar perto, afagar, sorrir, apertar as mãos e sentir-se cria, parte integrante daquele ser a quem Deus nos confiou neste mundo!

Mas, estamos pobres desse aconchego!
Falta a qualidade, o jeito gostoso...
Falta tempo!

E esse tempo é tão veloz e cruel!
Somente as lágrimas dirão mais tarde que fizemos tudo errado com as crias que Deus nos concedeu!

ESQUECEMO-NOS DO ABRAÇO!
Foi enviado pela virtualidade!

Desconhecidos, hoje, crias e pais seguem estradas paralelas tentando se encontrar.
QUE PENA!

LEVE, LIVRE & SOLTA!


Sejam bem vindos!
Vocês alegram a minh'alma e meu coração.

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Era uma luz no fim do túnel e eu não podia perder.
Era a oportunidade que me batia à porta.
Seria uma Delegada de Polícia, mesmo paraplégica!
Registrei a idéia e parti para o confronto.
Talvez o mais ousado de toda a minha vida.
Era tudo ou NADA!
(Genaura Tormin)



"Sou como a Rocha nua e crua, onde o navio bate e recua na amplidão do espaço a ermo.
Posso cair. Caio!
Mas caio de pé por cima dos meus escombros".
Embora não haja a força motora para manter-me fisicamente ereta, alicerço-me nas asas da CORAGEM, do OTIMISMO e da FÉ.

(Genaura Tormin)