PLANTIO

PLANTIO
PLANTIO
(Genaura Tormin)

Deus,
Senhor dos mares e montes,
Das flores e fontes.
Senhor da vida!
Senhor dos meus versos,
Do meu canto.

A Ti agradeço
A força para a jornada,
A emoção da semeadura,
A alegria da colheita.

Ao celeiro,
Recolho os frutos.
Renovo a fé no trabalho justo,
Na divisão do pão,
. E do amor fraterno.

terça-feira, 26 de junho de 2012

GOSTO DOS VERSOS QUE VIVEM EM MIM


GOSTO DOS VERSOS QUE VIVEM EM MIM
(Genaura Tormin)

Realmente a fotografia registra marcas na vida gente, guardando momentos! 
Santa fotografia!

Eis aí a 2ª edição do PÁSSARO SEM ASAS!
Lembro-me de que a 1ª edição esgotou-se num mês e, numa correria, providenciamos a 2ª edição, quando realmente aconteceu o lançamento. 
Sinto saudades!

Tão fininho, o livro! 
E eu tão bonitinha! 
Foram-se os anos tão céleres! 

Hoje estou diferente, cresci, evolui junto com o vagar do tempo! 
Muitas experiências, aprendizados, ladeiras e descidas... 

E o PÁSSARO SEM ASAS segue comigo na estrada, contando a nossa história. 
                             Já trabalho na 7ª edição! 
Mais de 400 páginas! 

Meu Deus, uma vida que ficará como legado. 
                    Eu gosto de rever o caminho palmilhado. 
Com ele reciclo o meu espírito rebelde e ouriçado. 
Sou, hoje, um SEIXO ROLADO! 

Gosto-me assim. 
Sou a minha própria leitora. 
E gosto do que faço e dos versos que vivem em mim.


__________

domingo, 24 de junho de 2012

AGORA EU QUERO UM AMÔ




AGORA EU QUERO UM AMÔ

(Genaura Tormin)

Onde é memo que ocê
Insqueceu aquele nosso amô?
Pruque ele era tão bão!
Será qu'ele ficou laigado
Lá na berada do corgo?

Se ocê preguntá eu,
Num sei contá, não.
É que ocê me insqueceu!
Tudo cabô memo!
Os cafuné, os chamego...

Eu acho que ocê tá de ôio
Na Maricota, do seu Mané?
Mais pode aquerditá,
Que mió do que eu, não é.

E sabe du'a coisa,
Vamo pará cum essa prosa!
Ocê tá memo é pu lado de
Cabra safado,
Desavegonhado.

Mais eu num tô nem aí, não!
Eu vô é pulá foguêra,
Tumá quentão,
Dançá a noite intêra!

Fazê promessa pro São Juão,
Promodi ele arranjá pra eu
Um home bão.
Num é quinem ocê NÃO!

sexta-feira, 22 de junho de 2012

EU JURO QUE NÃO SEI



EU JURO QUE NÃO SEI
(Genaura Tormin)
Que é daquele amor,
Tão grande que te dei?
Se a mim perguntares,
Eu juro que não sei!
Ficou nas dobras do tempo,
Afogado na ribanceira,
Ou voou com o vento,
Numa manhã fagueira?
Hoje, vagamos sozinhos,
Em estradas paralelas,
Gemendo dores,
Mendigando carinho.
Éramos tão enamorados,
Ocupando o mesmo ninho,
Cantando no mesmo galho,
Tomando a mesma taça de vinho!
O que aconteceu com a gente?
Você partiu sozinho
E eu tive que seguir em frente!
_______

quinta-feira, 21 de junho de 2012

COMO FAÇO PARA FICAR BONITA


COMO FAÇO PARA FICAR BONITA
(Genaura Tormin)

O conceito de beleza engloba uma gama de particularidades subjetivas. A mostra física é apenas uma pequena parte. O maior cuidado deve ser a persistência em nos manter encantadas com a vida. É por meio desse encantamento que surgem o entusiasmo, o querer crescer, ser apresentável, bonita, conquistar divisas, amores... 

Dele, depende quase tudo: guarda-roupa, preocupação com a alimentação, controle de peso, passeios, preparo intelectivo, trabalho, relacionamentos, amizades, buscas e tantos outros. Essa é a mostra que levaremos ao público.

“É preferível enfeitar o corpo com a beleza da alma, do que a alma com a beleza do corpo”. 

Outra coisa importantíssima! Uma pessoa carrancuda fica feia e assusta. O sorriso enobrece, é prece, é Deus dentro da gente! Sorria sempre!

Agora é a vez de por em prática tão precioso ensinamento.

Doença não combina com felicidade. Quem está feliz não adoece. Está provado que as pessoas otimistas têm sistema imunológico mais resistente.


Então, OTIMISMO É A CHAVE! 

E isso está na caixinha de pensamentos. 
SOMOS O QUE PENSAMOS! 
SOMOS ENERGIA, SABIAM?

segunda-feira, 18 de junho de 2012

HOMENAGEM - CORAGEM PARA VIVER



 (Que pessoa linda é o Walter! Um ser profissionalmente consciente, capaz, erudito e MUITO humano! Um espírito evoluído, eu posso dizer. Tive o prazer de conhecer-lhe as faces, recentemente nas praias do nordeste brasileiro, pois o coração e a alma, virtualmente eu já os conhecia. Walter é um pregoeiro do BEM!


Quisera eu seguir-lhe as pegadas. 
No dia 04.03.2012 Dia Internacional da Mulher - 2012, eis que me vejo nos jornais de sua terra, lembrada pelo amigo jornalista, ainda virtual naquela época. Agradeço o carinho da homenagem, embora eu não a mereça  tanto. Sei que sou um exemplo vivo da AUTO-HEMOTERAPIA. Não posso me esquecer disso! Obrigada Walter!)

 HOMENAGEM 
 CORAGEM PARA VIVER 
 (Walter Medeiros* – waltermedeiros@supercabo.com.br)  

A cada ano - há alguns anos - no dia 8 de Março faço uma homenagem a uma mulher, para registrar de forma significativa o seu Dia Internacional. Já homenageei muitas mulheres, no seu dia ou fora dele, em função das lutas que travam diuturnamente por melhores dias para a humanidade.

Neste ano de 2012 envolve-me um desejo de fazer um registro que vem se delineando através dos anos e que considero ser hora de fazê-lo, escolhendo uma amiga que nem conheço pessoalmente, mas que tem um significado imenso para a têmpera de luta dos brasileiros. 

É uma mulher destemida, lutadora, que tem como maior referência o ânimo de superação. Conforme ela mesma conta, num dia qualquer da vida, sem aviso prévio, abruptamente uma mielite transversa meou-lhe o corpo, tornando-a paraplégica.

Há 27 anos, usa uma cadeira de rodas para deambular e enfrenta um turbilhão de dificuldades. Uma limitação gritante, uma vez que se viu banida da locomoção e da sensibilidade tátil. Ficou reduzida a apenas braços e cabeça. 


Mesmo diante de todo esse quadro ela não se julga uma pessoa doente, pois o que tem é a seqüela do triste ocorrido. 

Durante todos esses anos, a nossa amiga, que estava saindo da sua juventude, com 36 anos, precisou de alguns apetrechos e muito exercício de paciência, improviso e capacidade para se adaptar. 

Recorda que um dia uma emergente advogada, moça simpática, inteligente e bonita, ao sair do Tribunal deixou-lhe uma anotação: “Entra no Google e pesquisa auto-hemoterapia - trabalho do Dr. Luiz Moura”. Agradeceu e guardou a anotação. Fez a pesquisa e ficou encantada com o que leu e viu depois no DVD que a mesma advogada lhe passou.

Convencida do efeito benfazejo da auto-hemoterapia, não obstante o ceticismo próprio do cargo de Delegado de Polícia que exerceu durante alguns anos, resolveu experimentar, convicta de que mal não faria. 


Ficou estupefata ao fazer uma ultrassonografia e constatar que um cisto de ovário detectado em exame anterior e que deveria ser objeto de uma cirurgia, havia desaparecido.

Vítima havia anos de uma trombose, que recidivara duas vezes, ficou com a perna esquerda mais grossa do que a outra, incluindo a nádega, o que lhe causava um grande problema postural. Qual não fora a surpresa ao notar que não mais precisava de um calço e que a perna que sofrera a trombose estava quase igual à outra. 

A sua lesão é medular, com ausência de locomoção e sensibilidade a partir do nível T-4 (4ª vértebra torácica), o que significa dizer que estava inerte do peito para baixo. Todas essas passagens estão documentadas com atestados e exames.

Empunhando a bandeira do otimismo, ela tem sucesso como mãe, como esposa e como profissional. Quatro filhos formados e bem endereçados na vida, além de um marido sempre encantado consigo. 


Depois de paraplégica ascendeu, por concurso, aos cargos de Delegado de Polícia e Analista Judiciário, reforçando a certeza de que luta é a sua palavra de comando. Agora as suas taxas estão excelentes.

Tudo dentro da normalidade. A trombose que tinha na perna esquerda foi, totalmente, recanalizada, conforme exame recente. Sua estima está em alta. Nunca se sentiu tão bem. 


Afirma que “No meu sentimento de amor, gostaria que o tema AHT fosse estudado para melhorar a saúde de todos, principalmente daqueles mais carentes de recursos financeiros”. Na declaração mais recente que fez, continua “encantada com a Auto-
Hemoterapia. Encantada e agradecida! Faço-a regularmente”. 


Dentro da sua faixa etária, afirma que está ótima. Acha que não vai mais andar, mesmo por que nunca esperou por isso. Mas dá uma das maiores lições de vida, ao afirmar que “não se anda apenas com as pernas”.

Genaura Tormin, Técnica Judiciária, escritora e poeta em Goiás, pronuncia palavras emocionantes: “Embora não marque o chão com minhas passadas, o meu coração é livre, altaneiro e ganha asas, alicerçado sempre na coragem e na alegria de viver”. 

Por tudo isso, que é apenas uma pequena amostra da grandiosidade desta pessoa humana excepcional, rendo-lhe aqui a minha mais elevada homenagem neste Dia Internacional da Mulher. 

 --- Saiba mais sobre Genaura Tormin no seu blog LEVE, LIVRE E SOLTA
*Jornalista
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domingo, 17 de junho de 2012

PALESTRA PROFERIDA NO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL




PALESTRA PROFERIDA NO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL-GO
(Genaura Tormin)


QUEM SOU

v  Eu sou a Genaura Tormin. Estou paraplégica há 29 anos. Tenho 66 anos de idade e somente 20 de cabeça, alicerçados pelo entusiasmo e pelo encantamento de viver. Esforço-me para ser a campeã dos meus aprendizados. O meu coração é vivo e o sorriso aflora sempre até os cantos das orelhas. Eu estou viva!! Às vezes, quando estamos nos píncaros do sucesso, somos atirados inexoravelmente ao caos. É chegada a hora de uma marcante mudança de vida. É a hora de carpir o terreno para fazê-lo melhor.

COMO REAGI

v  Consciente de que seria mesmo uma paraplégica, preparei-me e prestei concurso para o cargo de Delegado de Polícia de Goiás, e o exerci com presteza, durante 13 anos.

v  Depois também por concurso público, ingressei no Judiciário Federal, atuando, hoje, na Secretaria de Coordenação Judiciária do Tribunal Regional do Trabalho do meu Estado. O trabalho significa prazer, dignidade.


A PESSOA COM DEFICIÊNCIA TRABALHA! E BEM!



v  Sartre dizia que “o importante não é o que fizeram do homem, mas o que ele faz do que fizeram dele”. Assim, estou tentando exercitar o aprendizado.
v  Quem falou que deficiente físico não pode trabalhar? Ando de cadeira de rodas e trabalho. Conquistei até o título de “Servidor-padrão”.
v  Deficiência é uma parte natural da experiência humana.
v  Mesmo que nos empreste um visual diferente e algumas dificuldades locomotoras, a mente sã cria soluções para tudo.
v  O trabalho devolve-nos o sentimento de utilidade e supera a defasagem do caminhar.


TENTO SER IGUAL

v  Desafio! Integro-me bem aos grupos de trabalho e luto por tratamento igualitário. Forjada a ferro e fogo, tenho por lema a coragem, e jamais me subjugo às subserviências em busca de protecionismo, benesse, sob o álibi da deficiência.
v  Preocupo-me em mostrar competência, conquistando respeito pelos meus próprios méritos. Sinto-me adaptada à vida! Sei que ela se adaptou a mim também.


IMPORTÂNCIA DA FAMILIA

v  De minha catarse, sou mestra. Entendo que a cadeira de rodas é uma dádiva. Devoto-lhe gratidão.
v  Tenho uma família que me ama e não me castra as oportunidades.
v  Pelo contrário, é um nascedouro de forças, incentivos, que me fazem caminhar mesmo sem o uso das pernas.
v  E isso é de importância vital. Talvez seja o segredo de todo o sucesso que tenho conquistado.
v  A família deve vestir a camisa, e, dentro da responsabilidade-amor, propiciar à pessoa com deficiência espaço arquitetônico viável para que ela descubra o seu novo mundo ou sua nova liberdade.


ESCREVI UM LIVRO

v  Sou escritora. Escrevi PÁSSARO SEM ASAS, já em 6ª edição.
v  É um livro autobiográfico, corajoso, em que me desnudo, viro-me do avesso e conto ao leitor toda a minha trajetória depois dessa nova condição de ‘rodante’: avanços, derrotas, conquistas, aprendizados, até as verdades mais recônditas e inconfessáveis.


UM RELATO VERÍDICO

v  Relato tudo, não como uma história que haja acontecido no estrangeiro, mas um fato verdadeiro, acontecido aqui mesmo, entre nós, cuja protagonista não foi feliz para sempre como nos contos de fadas, mas faz-se feliz, viva e atuante.
v  Mais dois livros: APENAS UMA FLOR e NESGAS DE SAUDADE, também foram editados. Neles, enveredo pelos veios da poesia para acalentar instantes, colorir a vida, fabricar fantasias e sentir-me inteira outra vez.


OTIMISMO

v  A gente não pode viver de passados. A ordem é reinventar a vida, fazer consertos, aplicar remendos e seguir em frente. É ser otimista! Ver tudo pelo lado positivo.
v  Hoje é o momento de agir, de semear! O tempo se esvai como num passo de mágica! É preciso aprender apenas a ser contente. Isso é o começo!


CORAGEM

v  Em paraplegia, adaptar-se é irreversível.
v  Caso contrário, corre-se o risco de sofrer muito.
v  Carrega-se o peso das dificuldades ou o do cadáver.
v  Não podemos viver de passado. Isso nada vai resolver. Devemos valorizar o que ainda podemos fazer. Isso chama-se: CONQUISTA!


E A VIDA CONTINUA !

v  Ainda sou perseguidora de sonhos. As portas me fascinam.
v  A vida ainda acontece inteira no meu coração. Acredito no amanhecer, no poder recomeçar a cada dia.
v  Continuo uma inesgotável fonte de encantamento pelos amores, pelo belo, pela arte de fazer versos.
v  Tudo é uma questão de disposição mental.
v  Somos o que pensamos! Avante é a palavra de ordem.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

UMA CARTA QUE VIERA DO CÉU


Esta é a Talma Alvim

UMA CARTA QUE VIERA DO CÉU
(Genaura Tormin)

Era uma manhã de segunda-feira. Os movimentos ganhavam vida no ir-e-vir lépido da casa. O cheiro de café exalava da cozinha, chegando até o quarto. O marido, odontólogo, já se encontrava na lida, preparando-se para atender ao primeiro paciente daquele dia, cujo consultório era contíguo à residência.

Eu ainda estava na cama quando a paciente que, por sinal era minha colega, adentrou ao meu quarto mostrando-me um calhamaço de papel, cujo manuscrito a lápis, continha letras enormes. Eram 64 laudas.

_ É um texto psicografado que eu quero lhe mostrar em primeira mão. Recebemos no começo dessa madrugada, em Trindade-GO. Leia! É uma mensagem da Talma para a mãe _ dissera-me ela.

Fiquei perplexa. Nunca tinha visto, tão de perto, escrita ditada por alguém que já houvesse falecido. Mas, apesar do ceticismo próprio que me impingira o colégio de freiras, quis saber, pois conhecera a Talma no hospital, quando fiquei abruptamente paraplégica. Ela fora me visitar a pedido de alguma pessoa amiga, no sentido de mostrar-me que a vida ainda era possível.

Ficamos amigas. Fora ela a minha professora na arte de conviver com os passos recolhidos. Por vezes, era o meu divã, o referencial que me indicava direção. Com ela, aprendi a nova maneira de viver bem, sem lamentar o que fazia antes, mas valorizar o que ainda poderia fazer.

Vítima de um tiro acidental de arma de fogo, durante um seminário de capacitação de líderes da América Latina, realizado no Rio de Janeiro, Talma partira primeiro para a outra dimensão da vida, em pleno Dia das Mães. E agora, um ano depois, manifestava-se por meio de uma psicografia.

Eis a mensagem:

“CARTA A UMA MÃE

Querida mãezinha Maria,

Peço ao nosso Deus, sempre misericordioso, que nos envolva em bênçãos de paz e luz, iluminando nossos caminhos com a serena certeza de que Ele sempre esteve do nosso lado.

Mamãe, querida mãezinha, este é um momento de agradecer a Deus por todas as dádivas que recebemos, embora muitas vezes sem merecê-las.

Estou presente respondendo ao seu carinho que jamais esteve ausente. Nossos pensamentos estiveram sempre interligados com as NOSSAS orações.
E, hoje, mãe, vim pedir-lhe que me aceite nessa nova vida em que me encontro.

Ah! Mamãe, a vida aqui é maravilhosa! Tantas surpresas! Tantas novidades!
Aprendi que a vida é sempre um caminho... Um caminho para mais nos aproximarmos de Deus.

Não pense que estou alheia ao seu sofrimento, à sua saudade.
Estamos juntas. Somente peço que não permita que a saudade assuma um caráter de forte algema a aprisionar em lágrimas as nossas carinhosas lembranças.

Mãe querida, a senhora sabe, através de todas as lutas que travei enquanto estava no plano físico, sempre foi por mim um motivo para continuar adiante... Jamais me entreguei ao desânimo, sempre caminhei com resolução para alcançar as metas a que me propunha alcançar.

Não por mim, mas por uma luta de ideais, onde os meus semelhantes conseguissem um espaço nessa interessante luta que se chama “VIVER”.
Todo o meu trabalho eu o realizei com amor. Os que conviviam comigo aprenderam ser este o meu lema de vida.

Naquele dia de maio, enquanto eu estava à procura de maiores chances para demonstrarmos que éramos pessoas capazes de competir com as dificuldades da vida, havia acordado sentindo-me bem disposta.
Cheguei a comentar com a Luiza que estava sentindo uma paz interior muito grande.

Preparei-me para as atividades do dia e, enquanto conversava com a equipe, passando-lhe apontamentos, foi como se de repente houvesse sido tocada por uma descarga elétrica que me percorreu todo o corpo.

Percebi que a bala havia-me alcançado e confesso que tentei esboçar um sorriso de compreensão para aquele amigo que me olhava sem nada entender.

Pude escutar ao longe os gritos, a confusão que se instalou e não vi mais nada. Foi como se tudo de repente sumisse ao meu redor. Senti um sono suave invadir-me e entreguei-me a ele. Dormi, por quanto tempo não sei.

Quando acordei, senti-me disposta e estava bem. Procurei com os olhos, ao meu lado, a minha companheira inseparável (a cadeira de rodas) de tantos anos e não a vi.
Procurei esclarecer meus próprios pensamentos, quando voltei à lembrança daquele dia de maio.

A princípio, julguei-me estar em um hospital e aguardei com paciência que alguém viesse ao meu encontro. Entraram ali algumas pessoas que me encaminharam, confirmando o que eu sentia: estava muito bem.

Fiquei deitada, e foi nesse momento que um senhor de feições simpáticas e bondosas se aproximou de mim e disse:

_ “Filha, levante-se, você agora é perfeitamente normal”.

Aquela voz fez-me ver que estava diante do vovô Joaquim e, a essa simples conclusão, percebi que a verdade de outra vida estava diante dos meus olhos. Naquele instante, lágrimas de emoção escorreram-me pelas faces.
Segurei naquelas mãos que me estendia o vovô e consegui me sentar.

Como uma criança receosa, consegui mover minhas pernas e colocá-las no chão. Havia conseguido ficar de pé.

Chorando de pura emoção, dei os meus primeiros passos na vida espiritual. E foram passos um pouco vacilantes, afinal, as pernas ficaram muito tempo sem fazer esse exercício.

Agradeci a Deus por tudo que me havia proporcionado. Depois fiquei sabendo como estavam todos vocês e pedi calma e confiança.

Desde aquele dia, que não tinha a intenção de deixá-la inconsolável no seu Dia das Mães, logo depois venho me esforçando para conseguir maiores conhecimentos na área que atuava.

Mãezinha, peço-lhe que sempre incentive a minha equipe.
Peça a todos para continuar lutando com coragem para vencer com otimismo as dificuldades do dia-a-dia.

Muitas pessoas não compreendem a luta diária de um paraplégico, mas muitas outras se sentem impelidas a ajudar.

Desejo que diga a eles que não há dor sem razão, que todos nós devemos nos esforçar muito para vencer as imperfeições, principalmente as da alma.
Estarei ao lado de todos, como sempre estive. Minha luta foi de ideais e princípios.

E aqui, quando contemplei meu próprio corpo, vi que a minha amiga “inseparável” (a cadeira de rodas) havia se tornado para mim oportunidade alcançada e iluminada de que necessitava para o reajuste de meus débitos.

Peço a todos os nossos familiares que não culpem situação alguma à minha retirada do plano físico.

Havia chegado a minha hora. A bala disparada acidentalmente encontrou a pessoa certa que a merecia.

Todos devem aceitar plenamente o que nos aconteceu.
Mamãe, peço-lhe que não chore mais. Estamos muito juntas.

Ajudo-a na educação dos meus “amores”. Avisam-me que devo finalizar. Voltarei em outra oportunidade.
Sua filha está feliz, muito feliz.

Abrace papai, abrace a todos por mim: meus filhos, familiares e irmãos, agradecendo-os o bálsamo da oração e o carinho das lembranças.

Com o carinho respeitoso de sempre, sua filha, agora de pé, que beija suas mãos, depositando nelas a gratidão eterna.
O carinho e o amor da sua

TALMA

(Mensagem psicografada no Centro Espírita Apóstolo Paulo, na noite de 11/03/89, em Trindade-GO, pela médium Mary Alves A. Silva)”

Pasmada com tudo aquilo, embora os cantos inaudíveis de minha alma há muito questionassem tantos "porquês", eu reli muitas vezes aquela mensagem, tentando encontrar alguma dúvida, algum ponto discordante que dissipassem as certezas.

Mas tudo me confirmava ser ela - a Talma. Era como se a ouvisse falar. Tantos detalhes! O estilo, as palavras marcantes, como “meus amores”, como ela se referia aos filhos... A equipe, o trabalho, a veracidade de nomes, o afeto dedicado à mãe, os irmãos... O cenário que eu tão bem conhecia.

Realmente, eu estava diante de uma nova tarefa! Procurar portas, abrir janelas, seguir por atalhos e veredas para descobrir algo mais além de mim. E a palavra de ordem era: Estudar, pesquisar para entender e escolher. A fé cega nos anula o raciocínio. Senti que buscava espiritualidade e não religião.

Como dissera a colega, eu estava lendo a mensagem em primeira mão. E isso fora de muita importância para derrubar o meu arraigado ceticismo, numa sabatina em que todos os itens obtiveram nota 10.

E eu cresci, aprendi, evolui! E, principalmente, entendi que: "SOMOS SERES ESPIRITUAIS PASSANDO POR EXPERIÊNCIAS HUMANAS".

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(Esse texto, à época, foi publicado em "O POPULAR", Diário de renome de Goiânia- GO. Trindade é uma cidade pequena, localizada a uns 30k de Goiânia.)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

EXPERIÊNCIA QUASE MORTE – EQM



EXPERIÊNCIA QUASE MORTE – EQM
(Genaura Tormin)

De repente, a existência atirou-o num leito de hospital sem motivo convincente aos olhos do leigo e principalmente dos familiares.

Tudo mudou! A vida quis dar uma rasteira no atleta. Intervenções cirúrgicas, antibióticos, apreensões, visitas de parentes e a preocupação zelosa e amorosa da família. Notícias eram sempre repassadas, procurando o jeito de amenizar o quadro e consolar a prole. Tudo por causa de um câncer, que chegara sem aviso prévio, com sintomas simples e inocentes.

O nosso rapaz estava ali, cordato, resignado e obediente. Tudo dentro dos conformes e das expectativas médicas, até que outro reparo cirúrgico fez-se necessário. Um 
acidente de percurso. Uma pedra no meio do caminho

As complicações vieram à baila, encarcerando-o num leito de UTI, durante  um mês, com incidência de ascite, pneumonia, septicemia (infecção generalizada), coma, escaras, transfusão de sangue, hemodiálise, intubação e um capacete que lhe penetrava o couro cabeludo, como se fosse uma coroa de Cristo. Isso para reter o oxigênio que lhe penetrava às vias respiratórias. Sem ele, os sinais vitais lhe faltariam.

Em estado gravíssimo, os prognósticos caminhavam para o pior ou mesmo para a cidade de “pés juntos”. Em desespero, mas guardando o controle e o otimismo, a família se revezava, em plantões permanentes, por vezes à porta do hospital, à cata de informações, procurando servir de alguma forma.

Embora num corpo estático, emagrecido, perfurado por muitos tubos e conectado a equipamentos que o mantinham vivo, fisicamente ele estava ali, um espectro humano. Esquálido e fragilizado. A fisionomia gritava por socorro e os que o viam, saíam com os olhos marejados e o coração apertado.

Talvez o melhor remédio, naquele momento, fosse o forte amor da família unida e coesa num só pensamento. Força e positivismo eram as palavras de ordem. Uma dura experiência! Afinal, não se costuma pensar que o indesejado possa nos acontecer.

E, depois, o homem era um atleta, comedido nos hábitos higiênicos e alimentares. Uma pessoa, realmente, bem esculpida nos bons costumes. Um profissional da área de saúde. Ninguém esperava por isso. Um câncer de intestino? Nunca!

Acontece que o moço recuperou-se! Uma bênção, um milagre, uma festa! E eis que voltou ao lar. Embora com algumas pequenas sequelas, podemos dizer que está ótimo. Otimismo é a sua bandeira.

Num desses amistosos diálogos sobre a sua estada fora do mundo, perguntei-lhe:

_  Na UTI, sozinho, no silêncio das madrugadas, você pensava em quê?

_  Eu não ficava lá, respondera-me ele convicto. Nunca fiquei lá! Eu viajava, passeava pelo mundo... Ia  aonde queria, sem quaisquer entraves.

Aquilo me despertara uma inusitada curiosidade e eu quis saber mais.

_ Meu corpo estava lá, mas eu excursionava, dirigindo a minha própria cama, que continha um volante dirigível e até tanque de gasolina.

O trânsito me era fácil, não obstante os muitos veículos que trafegavam céleres pelas vias. Sem problemas, eu atravessava ruas, avenidas e praças bem arborizadas e floridas, que me davam a sensação de paz! Tudo parecia mais bonito. Era uma liberdade indescritível! A distância era irrelevante para o meu veículo. 


Fazia-me presente em muitos lugares e eventos. Em palestras, eleições, associações de classes, igrejas, cujo tilintar dos sinos chegavam aos meus ouvidos. Ia ao meu lar, encontrava pessoas, familiares e muitos desconhecidos. Acompanhava minha mulher e até a vi discursar! Tudo normal, sem angústias nem constrangimentos.

E o engraçado é que, por vezes, era atendido em um consultório, que se fazia presente no local em que eu me encontrasse. E ainda pelo médico intensivista da UTI. Que respeito! _ Pensava eu agradecido.

Parecia-me tão real aquela situação, que numa determinada ocasião, vi que a gasolina do meu dirigível estava acabando, o que me preocupou muito. Embora, na realidade, fosse madrugada, nesse transe fiz o enfermeiro que me assistia fazer um telefonema ao meu filho, em que relatei a falta da gasolina. Uma conversa vaga, desconexa, que posteriormente me foi relatada pelo profissional e pelo filho.

Numa dessas andanças, eu seguia com a responsabilidade de atender a uma intimação. Coisa séria! Demandei, convicto de minha obrigação. Atravessei as avenidas arborizadas sob uma manhã clara e amena. Enfrentei um trajeto difícil, até chegar ao lugar determinado, numa região alta, de rampas íngremes.

Ali, existia uma empresa para exploração do lenocínio, cujo chefe, austero e bem vestido, acusava-me pelo descaminho daquelas mulheres, que se aglutinavam num grande salão. Mulheres bonitas e bem vestidas. Muitas eram casadas e a preocupação era a de serem flagradas pelos maridos. Embora não me lembrasse de culpa tão grande, algo dentro de mim acusava-me de haver sido o responsável pela infelicidade de todas elas.

Por isso, foi-me informado de que eu teria que me apresentar a uma autoridade, por quem deveria ali esperar. Tudo, sem palavras de terceiros. Apenas a acusação da voz de minha consciência, nítida e forte, sem nenhuma nuança de dúvidas. Eu podia ver sem o uso dos olhos físicos. Estando lá, eu via perfeitamente o cotidiano da UTI e também os médicos.

E ali, eu fiquei aguardando. Não sei por quanto tempo, tentando lembrar-me daquelas mulheres e do mal que as havia causado, embora eu já me sentisse um réu confesso, esperando pela sentença.

O tempo me era algoz naquele momento, até que fui introduzido num gabinete, bem aparelhado, amplo e limpo, chegando mesmo a ser luxuoso. Sentia-me apreensivo e tomado por um arrependimento angustiante que me mantinha calado. Sentado ali, estava um senhor e eu sabia que era ele a autoridade coatora que iria selar o meu destino.

Postado à sua frente, permaneci por longo tempo, que nem sei precisar. Enquanto isso ele me fitava atento, sem nada dizer. Muito depois, sem me dirigir reprimendas, dissera-me em tom grave: PODE IR!

_  E o que aconteceu depois – perguntei.

_  Sentindo-me sozinho naquele lugar, onde não mais havia pessoas, somente a voz inaudível do silêncio, eu retornei aos meus aposentos. Postei-me em meu lugar entre os pacientes, religando-se a mim toda aquela parafernália que me mantinha vivo, embora algumas tivessem seguido comigo durante as viagens. 


Depois disso não me lembro de outros passeios pelo mundo, principalmente pela minha cidade.

Os dias se passavam seguidos da rotina da UTI. Embora por poucos minutos, recebia diariamente a visita dos meus familiares, o que me dava muita força para seguir em frente.

Percebi que muitos pacientes permaneciam sozinhos, sem o aconchego da família nos horários de visitas. Atento a tudo, assistia, todos os dias, alguém retornar ao lar ou a outra dimensão da vida.

Minha força mental positiva revigorava os meus órgãos fragilizados. E assim, fui melhorando, até ser transferido para um apartamento, com os mesmos cuidados da UTI. Finalmente, em casa! _ concluiu ele.

Sei que estive muito mal, prestes a deixar o globo terrestre. A equipe que me assistia chegou a dizer que a minha recuperação significou uma inusitada vitória médica, pelo que se regozijava.
............

O atleta retornou a casa com 40k. Já recuperou o seu peso normal, voltou às caminhadas matinais, à malhação, ao convívio da família e dos amigos. Vida normal. Amém!

De tudo, uma certeza: NÃO PARTIMOS ANTES DA HORA!
E, ainda: NÃO ESTAMOS AQUI POR ACASO!


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LEVE, LIVRE & SOLTA!


Sejam bem vindos!
Vocês alegram a minh'alma e meu coração.

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Era uma luz no fim do túnel e eu não podia perder.
Era a oportunidade que me batia à porta.
Seria uma Delegada de Polícia, mesmo paraplégica!
Registrei a idéia e parti para o confronto.
Talvez o mais ousado de toda a minha vida.
Era tudo ou NADA!
(Genaura Tormin)



"Sou como a Rocha nua e crua, onde o navio bate e recua na amplidão do espaço a ermo.
Posso cair. Caio!
Mas caio de pé por cima dos meus escombros".
Embora não haja a força motora para manter-me fisicamente ereta, alicerço-me nas asas da CORAGEM, do OTIMISMO e da FÉ.

(Genaura Tormin)