APENAS UMA PALAVRA E UM ABRAÇO
(Genaura Tormin)
Queridos amigos:
Doutor Gentil e Regina,
Doutor Gentil e Regina,
Junto-me a vocês
nessa saudade. Empresto-lhes o colo, o ombro e o verbo, embora saiba que nesses momentos todas as palavras ficam arcaicas, vazias, obsoletas...
A melhor linguagem
seria mesmo o silêncio.
Dona BOADINA não
morreu! Apenas partiu primeiro!
Tentando
acalentar, afirmo que o corpo físico é somente uma vestimenta da alma, enquanto
caminheira por este planeta. Entretanto o que mais nos acalenta agora é a
certeza do reencontro.
Não estamos aqui
por acaso! O Criador nos fez à sua imagem e semelhança. Não seria justo se
fôssemos apenas matéria finalizada numa tumba fria. O Senhor sabe o que faz!
Doutor gentil, já
era chegada a hora de sua mãe! E ela se foi, leve e livre, com a missão
cumprida e bem cumprida, cuja prole, tão bem esculpida em valores morais,
éticos e cristãos, é a estampa de suas mãos benfeitoras e do grande amor que
lhe comandava a existência. Dona BOADINA foi singrar outros mares, passear sem
o peso de sua farda de carne! Foi conhecer outras maravilhas, esquecer o
sofrimento que lhe recolheu ao leito e à UTI.
Num corpo etéreo,
ela estará sempre entre vocês, velando pela família que aqui construiu e amou.
Pense nisso! A existência é um aprendizado duro. É uma constante superação de
obstáculos. Somente com esse material poderemos construir asas e alçarmos ao
céu. E sua mãe foi pra lá, viu!
A cada
dificuldade, fico a pensar que um bem maior está a caminho. Como a raposa do
Pequeno Príncipe (Saint Exupery), começo a ser feliz por antecipação.
Isso é uma verdade
e eu a comprovo a cada subida, apoiada em tantas muletas que me fazem gemer a
dor da escalada.
A morte também é
uma compensação assim e muito, muito melhor. Sei que não morremos, apenas
emergimos do casulo para voar, feito borboleta.
Nós somos tão
pequenos, egoístas e não procuramos entender os desígnios do Criador. A vida,
ele nos deu! Ele nos tira quando chega a hora! Quando a missão estiver
cumprida.
Mesmo sabendo que
essa passagem por aqui é apenas uma viagem, um curso de pós-graduação para que
se possa ascender a patamares mais altos, e que há um Deus perfeito e
maravilhoso que nos espera para outras jornadas, outros afazeres, quedamos-nos
abatidos diante da partida.
Tudo fica revirado.
Parece um tornado que nos tenta levar a alma. A gente fica inerme, fragilizado,
feito fantasmas ambulantes, a perambular sem rumo.
Contudo, saibam
que os seus entes queridos, que já partiram, dar-lhe-ão guarida e afeto,
ciceroneando-a pelos novos caminhos. Disso, tenho certeza.
Força, amigo!
Pegue seu fardo e siga!
Para a saudade não
há remédio nem conserto. Ela terá lugar permanente em nossos corações, pois
somos seres gregários, sensíveis e gratos, principalmente a quem nos trouxe à
vida, nos alimentou com a seiva do próprio ser, fazendo-nos crescer no caminho do
bem e do amor.
Vocês estarão
sempre num lugarzinho cativo no meu coração.
Deus os abençoe!
Beijos da Genaura
Tormin
Maio de 2012
Maio de 2012