PLANTIO

PLANTIO
PLANTIO
(Genaura Tormin)

Deus,
Senhor dos mares e montes,
Das flores e fontes.
Senhor da vida!
Senhor dos meus versos,
Do meu canto.

A Ti agradeço
A força para a jornada,
A emoção da semeadura,
A alegria da colheita.

Ao celeiro,
Recolho os frutos.
Renovo a fé no trabalho justo,
Na divisão do pão,
. E do amor fraterno.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

UMA CARTA QUE VIERA DO CÉU


Esta é a Talma Alvim

UMA CARTA QUE VIERA DO CÉU
(Genaura Tormin)

Era uma manhã de segunda-feira. Os movimentos ganhavam vida no ir-e-vir lépido da casa. O cheiro de café exalava da cozinha, chegando até o quarto. O marido, odontólogo, já se encontrava na lida, preparando-se para atender ao primeiro paciente daquele dia, cujo consultório era contíguo à residência.

Eu ainda estava na cama quando a paciente que, por sinal era minha colega, adentrou ao meu quarto mostrando-me um calhamaço de papel, cujo manuscrito a lápis, continha letras enormes. Eram 64 laudas.

_ É um texto psicografado que eu quero lhe mostrar em primeira mão. Recebemos no começo dessa madrugada, em Trindade-GO. Leia! É uma mensagem da Talma para a mãe _ dissera-me ela.

Fiquei perplexa. Nunca tinha visto, tão de perto, escrita ditada por alguém que já houvesse falecido. Mas, apesar do ceticismo próprio que me impingira o colégio de freiras, quis saber, pois conhecera a Talma no hospital, quando fiquei abruptamente paraplégica. Ela fora me visitar a pedido de alguma pessoa amiga, no sentido de mostrar-me que a vida ainda era possível.

Ficamos amigas. Fora ela a minha professora na arte de conviver com os passos recolhidos. Por vezes, era o meu divã, o referencial que me indicava direção. Com ela, aprendi a nova maneira de viver bem, sem lamentar o que fazia antes, mas valorizar o que ainda poderia fazer.

Vítima de um tiro acidental de arma de fogo, durante um seminário de capacitação de líderes da América Latina, realizado no Rio de Janeiro, Talma partira primeiro para a outra dimensão da vida, em pleno Dia das Mães. E agora, um ano depois, manifestava-se por meio de uma psicografia.

Eis a mensagem:

“CARTA A UMA MÃE

Querida mãezinha Maria,

Peço ao nosso Deus, sempre misericordioso, que nos envolva em bênçãos de paz e luz, iluminando nossos caminhos com a serena certeza de que Ele sempre esteve do nosso lado.

Mamãe, querida mãezinha, este é um momento de agradecer a Deus por todas as dádivas que recebemos, embora muitas vezes sem merecê-las.

Estou presente respondendo ao seu carinho que jamais esteve ausente. Nossos pensamentos estiveram sempre interligados com as NOSSAS orações.
E, hoje, mãe, vim pedir-lhe que me aceite nessa nova vida em que me encontro.

Ah! Mamãe, a vida aqui é maravilhosa! Tantas surpresas! Tantas novidades!
Aprendi que a vida é sempre um caminho... Um caminho para mais nos aproximarmos de Deus.

Não pense que estou alheia ao seu sofrimento, à sua saudade.
Estamos juntas. Somente peço que não permita que a saudade assuma um caráter de forte algema a aprisionar em lágrimas as nossas carinhosas lembranças.

Mãe querida, a senhora sabe, através de todas as lutas que travei enquanto estava no plano físico, sempre foi por mim um motivo para continuar adiante... Jamais me entreguei ao desânimo, sempre caminhei com resolução para alcançar as metas a que me propunha alcançar.

Não por mim, mas por uma luta de ideais, onde os meus semelhantes conseguissem um espaço nessa interessante luta que se chama “VIVER”.
Todo o meu trabalho eu o realizei com amor. Os que conviviam comigo aprenderam ser este o meu lema de vida.

Naquele dia de maio, enquanto eu estava à procura de maiores chances para demonstrarmos que éramos pessoas capazes de competir com as dificuldades da vida, havia acordado sentindo-me bem disposta.
Cheguei a comentar com a Luiza que estava sentindo uma paz interior muito grande.

Preparei-me para as atividades do dia e, enquanto conversava com a equipe, passando-lhe apontamentos, foi como se de repente houvesse sido tocada por uma descarga elétrica que me percorreu todo o corpo.

Percebi que a bala havia-me alcançado e confesso que tentei esboçar um sorriso de compreensão para aquele amigo que me olhava sem nada entender.

Pude escutar ao longe os gritos, a confusão que se instalou e não vi mais nada. Foi como se tudo de repente sumisse ao meu redor. Senti um sono suave invadir-me e entreguei-me a ele. Dormi, por quanto tempo não sei.

Quando acordei, senti-me disposta e estava bem. Procurei com os olhos, ao meu lado, a minha companheira inseparável (a cadeira de rodas) de tantos anos e não a vi.
Procurei esclarecer meus próprios pensamentos, quando voltei à lembrança daquele dia de maio.

A princípio, julguei-me estar em um hospital e aguardei com paciência que alguém viesse ao meu encontro. Entraram ali algumas pessoas que me encaminharam, confirmando o que eu sentia: estava muito bem.

Fiquei deitada, e foi nesse momento que um senhor de feições simpáticas e bondosas se aproximou de mim e disse:

_ “Filha, levante-se, você agora é perfeitamente normal”.

Aquela voz fez-me ver que estava diante do vovô Joaquim e, a essa simples conclusão, percebi que a verdade de outra vida estava diante dos meus olhos. Naquele instante, lágrimas de emoção escorreram-me pelas faces.
Segurei naquelas mãos que me estendia o vovô e consegui me sentar.

Como uma criança receosa, consegui mover minhas pernas e colocá-las no chão. Havia conseguido ficar de pé.

Chorando de pura emoção, dei os meus primeiros passos na vida espiritual. E foram passos um pouco vacilantes, afinal, as pernas ficaram muito tempo sem fazer esse exercício.

Agradeci a Deus por tudo que me havia proporcionado. Depois fiquei sabendo como estavam todos vocês e pedi calma e confiança.

Desde aquele dia, que não tinha a intenção de deixá-la inconsolável no seu Dia das Mães, logo depois venho me esforçando para conseguir maiores conhecimentos na área que atuava.

Mãezinha, peço-lhe que sempre incentive a minha equipe.
Peça a todos para continuar lutando com coragem para vencer com otimismo as dificuldades do dia-a-dia.

Muitas pessoas não compreendem a luta diária de um paraplégico, mas muitas outras se sentem impelidas a ajudar.

Desejo que diga a eles que não há dor sem razão, que todos nós devemos nos esforçar muito para vencer as imperfeições, principalmente as da alma.
Estarei ao lado de todos, como sempre estive. Minha luta foi de ideais e princípios.

E aqui, quando contemplei meu próprio corpo, vi que a minha amiga “inseparável” (a cadeira de rodas) havia se tornado para mim oportunidade alcançada e iluminada de que necessitava para o reajuste de meus débitos.

Peço a todos os nossos familiares que não culpem situação alguma à minha retirada do plano físico.

Havia chegado a minha hora. A bala disparada acidentalmente encontrou a pessoa certa que a merecia.

Todos devem aceitar plenamente o que nos aconteceu.
Mamãe, peço-lhe que não chore mais. Estamos muito juntas.

Ajudo-a na educação dos meus “amores”. Avisam-me que devo finalizar. Voltarei em outra oportunidade.
Sua filha está feliz, muito feliz.

Abrace papai, abrace a todos por mim: meus filhos, familiares e irmãos, agradecendo-os o bálsamo da oração e o carinho das lembranças.

Com o carinho respeitoso de sempre, sua filha, agora de pé, que beija suas mãos, depositando nelas a gratidão eterna.
O carinho e o amor da sua

TALMA

(Mensagem psicografada no Centro Espírita Apóstolo Paulo, na noite de 11/03/89, em Trindade-GO, pela médium Mary Alves A. Silva)”

Pasmada com tudo aquilo, embora os cantos inaudíveis de minha alma há muito questionassem tantos "porquês", eu reli muitas vezes aquela mensagem, tentando encontrar alguma dúvida, algum ponto discordante que dissipassem as certezas.

Mas tudo me confirmava ser ela - a Talma. Era como se a ouvisse falar. Tantos detalhes! O estilo, as palavras marcantes, como “meus amores”, como ela se referia aos filhos... A equipe, o trabalho, a veracidade de nomes, o afeto dedicado à mãe, os irmãos... O cenário que eu tão bem conhecia.

Realmente, eu estava diante de uma nova tarefa! Procurar portas, abrir janelas, seguir por atalhos e veredas para descobrir algo mais além de mim. E a palavra de ordem era: Estudar, pesquisar para entender e escolher. A fé cega nos anula o raciocínio. Senti que buscava espiritualidade e não religião.

Como dissera a colega, eu estava lendo a mensagem em primeira mão. E isso fora de muita importância para derrubar o meu arraigado ceticismo, numa sabatina em que todos os itens obtiveram nota 10.

E eu cresci, aprendi, evolui! E, principalmente, entendi que: "SOMOS SERES ESPIRITUAIS PASSANDO POR EXPERIÊNCIAS HUMANAS".

____________________

(Esse texto, à época, foi publicado em "O POPULAR", Diário de renome de Goiânia- GO. Trindade é uma cidade pequena, localizada a uns 30k de Goiânia.)

Um comentário:

  1. Amada Genaura,
    Depois de passar quase duas semanas afastada, por conta de doença em família (minha mãe e meu marido), daquilo que tanto me faz bem, o computador, volto à base.
    Minha querida, que lindo depoimento dessa sua amiga, agora enfeitando o céu com seu brilho incomum. Que contato maravilhoso nos traz essa carta, para que entendamos, mais uma vez, o poder da fé raciocinada e da grande e imensa força da vida após a morte. Já li muitos depoimentos assim, inclusive em filmes. Meu coração exulta de satisfação e de alegria com este tipo de constatação: somos imortais.
    O que mais me deleita é a sensação de que parece-me estar ao lado de uma pessoa viva, pelos detalhes narrados de suas vivências no além. Grande é o poder de nosso Excelso Pai.
    Bela postagem! E, ainda mais, vinda de você, cuja experiência de vida atesta muito bem o que é ter fé e seguir adiante sempre.
    Amei ter lido essa bendita mensagem!
    Abraço-a com todo o carinho e amor que você merece e deixo-lhe um imenso beijo em seu coração.
    Maria Paraguassu.

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Sejam bem vindos!
Vocês alegram a minh'alma e meu coração.

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Era uma luz no fim do túnel e eu não podia perder.
Era a oportunidade que me batia à porta.
Seria uma Delegada de Polícia, mesmo paraplégica!
Registrei a idéia e parti para o confronto.
Talvez o mais ousado de toda a minha vida.
Era tudo ou NADA!
(Genaura Tormin)



"Sou como a Rocha nua e crua, onde o navio bate e recua na amplidão do espaço a ermo.
Posso cair. Caio!
Mas caio de pé por cima dos meus escombros".
Embora não haja a força motora para manter-me fisicamente ereta, alicerço-me nas asas da CORAGEM, do OTIMISMO e da FÉ.

(Genaura Tormin)