PLANTIO
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
REFLEXÃO
REFLEXÃO
(Genaura Tormin)
Literalmente, estava paraplégica!
Uma vida de muitas batalhas, tentando reconquistar o que a vida me havia abruptamente roubado.
Nova vida, novas práticas e o coração esfacelado ante as conjecturas do nada.
Mas eu tentatava, agarrando-me com unhas e dentes.
Em casa tudo mudou.
Até os amigos mudaram. Tudo tão de repente!
A casa, agora, era visitada por profissionais diferentes, que me ensinavam coisas inusitadas, as quais o meu corpo inerte não conseguia aprender.
E eu sofria. Mas seguia resoluta e firme, pois poderia ser uma paraplégica no físico, mas já havia decidido que nunca o seria de mente, de alma e de coração.
E enquanto me deixava manusear pelo técnico, em silêncio, lembrava-me de uma reportagem televisiva, de caráter científico, em que cercearam a locomoção de um pequeno coelho que servia de cobaia a pesquisas experimentais, tornando-o paraplégico.
Com os olhos esbugalhados, querendo viver a todo custo, o pobrezinho, apenas com as patas dianteiras ilesas, arrastava seu pesado corpo desgovernado sobre a mesa do laboratório. Agora, como parecia com ele!
Mas a minha missão era menos digna: não me prestava a experiências para a consecução de antídotos ou descobertas beneficentes à humanidade. E não havia sido imolada. A paraplegia viera de graça, de presente numa noite de festa. Entretanto como queria viver! Tenho consciência de que o corpo físico nada mais é do que uma farda de carne que envergamos para cumprir o nosso desiderato.
Por isso a vida é uma curta viagem em que não se pode perder tempo. Até dos dissabores devemos tirar proveito. Quem sabe o coelho ensinava-me uma lição de resistência e crescimento. Teria que aproveitar a oportunidade. Por isso, mesmo depois de expirado o último fôlego de vida, ainda nos resta a oportunidade de servir.
Depois da morte do meu corpo físico, gostaria que todos os meus órgãos sãos fossem utilizados para, por exemplo, fazer pulsar um coração cansado; dar luz a olhos que nunca enxergaram...
Queria que até as mínimas partículas servissem de material de estudo aos futuros profissionais da área de saúde. Quem sabe para desenvolver a nanotecnologia, devolvendo a audição a quem nunca pôde ouvir uma música, o zumbido das abelhas, os refrulhos sonoros de um riacho, uma declaração de amor... Quem sabe, esses órgãos inanimados, essas partículas abandonadas, ainda possam contribuir para o estudo e o aperfeiçoamento da medicina, criando caminhos e mais saúde para todos. Gostaria que o resto, quando nada mais tivesse serventia, fosse deixado num lugar tranqüilo sob a terra pura, sem concreto, porque assim, ainda serviria de adubo para florescer um gerânio vermelho, símbolo de minha luta pela vida.
A ciência não conseguiu provar a inexistência de Deus. Ele existe! E eu acredito num Deus perfeito, do qual somos a criação. A alma não desce à sepultura, transcende à Casa do Pai. Daqui não levaremos nada, apenas o bem ou o mal que tenhamos praticado. Acredito que já vivemos muitas existências e viveremos muito mais outras. Elas agem em nós feito um processo lapidador, respeitando o livre-arbítrio.
A multiplicidade das existências no corpo físico não constitui apenas uma afirmação evangélica, mas uma verdade científica e filosófica, explicada pela Lei do Progresso, claramente estampada nas diferenças sociais, nas doenças congênitas, além de muitos acontecimentos atribuídos a fatalidades. E isso é necessário para que o espírito evolua, tendo por mestres a dor e as muitas experiências que, com certeza, o qualificará para o exercício do amor a si e ao seu próximo. Por isso este é um mundo de provações, próprio para o resgate de erros do passado. Ninguém reencarna sem uma cruz para carregar. É o que se chama de carma que pode ser de ordem física, moral ou financeira.
Com esse entendimento e partindo do princípio de que o Pai é justo, a aceitação do carma reverte-se em escadas para subirmos cada vez mais alto. Assim, aceitar a reencarnação significou aceitar a mim mesma. Significou a dura tentativa de relacionamento pacífico com o meu corpo paralítico.
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LEVE, LIVRE & SOLTA!
Sejam bem vindos!
Vocês alegram a minh'alma e meu coração.
Era uma luz no fim do túnel e eu não podia perder.
Era a oportunidade que me batia à porta.
Seria uma Delegada de Polícia, mesmo paraplégica!
Registrei a idéia e parti para o confronto.
Talvez o mais ousado de toda a minha vida.
Era tudo ou NADA!
(Genaura Tormin)
"Sou como a Rocha nua e crua, onde o navio bate e recua na amplidão do espaço a ermo.
Posso cair. Caio!
Mas caio de pé por cima dos meus escombros".
Embora não haja a força motora para manter-me fisicamente ereta, alicerço-me nas asas da CORAGEM, do OTIMISMO e da FÉ.
(Genaura Tormin)
Posso cair. Caio!
Mas caio de pé por cima dos meus escombros".
Embora não haja a força motora para manter-me fisicamente ereta, alicerço-me nas asas da CORAGEM, do OTIMISMO e da FÉ.
(Genaura Tormin)
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