Este poema não é meu. É de minha irmã Josefa Alteff. Muito apropriado para a data. Significa uma reflexão, um reconhecimento, embora tardio. Que pena!
CONFISSÃO DE UM FILHO
(Josefa Alteff)
Sabe, pai,
Hoje me lembro com saudades
Da minha infância,
Da nossa amizade!
Como éramos companheiros!
Amigos de verdade!
Lembro-me de que aos domingos,
Você dizia:
_ Filho, vista sua camisa,
Que hoje tem futebol!
E você, só para me agradar,
Até torcia para o meu time.
Éramos tão felizes!
Você, pai,
Foi um pai de verdade!
Eu me sentia orgulhoso, seguro,
Forte e até corajoso.
Você me dizia sempre,
Entusiasmado:
_ Filho, meu sonho é ver você formado!
Você vai ser o meu orgulho!
Pois é, pai,
Custou-lhe muito trabalho,
Muito sacrifício,
Uma vida de lutas!
Hoje, sou o seu sonho realizado!
Atrás de uma mesa de escritório,
Dirijo grandes negócios.
Sou mesmo muito importante!
A cada dia, cresço mais.
Estou subindo,
Sou um grande empresário!
E você?
Lembro-me de que o vi no trânsito,
Quando eu na rua passava apressado,
Sinaleiro fechando,
Compromissos me esperando,
Você me gritou:
_Ó amigão!!!
Olhei, e o vi!
Percebi que o tempo estava passando,
Tão veloz, tão rápido!
Enquanto eu ganhava vigor, fama, elogios,
Você ..., você, meu pai, perdia as energias.
O tempo deixava-lhe as marcas, o cansaço.
Mas, fui atencioso: respondi ao seu cumprimento.
_ Depois passo lá, meu velho!
O tempo me consome, estou apressado.
Do retrovisor, ainda pude ver
Você me acenando,
Com a mão me abençoando.
Orgulhoso do meu sucesso,
Você foi me ver no meu luxuoso escritório.
Sua visita foi-me anunciada!
Mas a hora era imprópria:
Interurbanos, reuniões de negócios,
Muitos lucros em evidência...
E você esperou, pacientemente.
Mas aquele abraço tão desejado
Terminou ficando para outra ocasião.
Afinal, eu sou um homem de negócios!
E assim, aconteceram outras vezes.
Mas eu queria tanto vê-lo,
Para lhe falar do meu sucesso e,
Quem sabe, relembrar o nosso futebol...
Entenda, pai,
Não posso parar!
15, 30, 40 minutos
São preciosos para mim.
Ah! Meu velho, o tempo voa e eu também.
Outro dia o vi sentado no banco da praça.
Como estava diferente!
Cabisbaixo, solitário, cabelos brancos,
Barba por fazer...
Logo você que era tão vaidoso!
Mesmo de longe, envie-lhe um grito:
_ Oi, paizão! Tudo bem?!
E com o sorriso de uma esperança gasta,
Você me acenou,
Em cujo gesto compreendi
O costumeiro “Deus te abençoe, meu filho!”
Hoje aqui, também solitário,
Repasso o filme de minha vida.
Que saudades!
Dói-me muito
Ao olhar foto, já tão amarelada,
Esquecida, talvez,
Lembrança de minha primeira comunhão.
Surpreso fiquei.
Na foto, estávamos nós.
Ao fundo a imagem do Coração de Jesus.
Que dia lindo!
Dia maravilhoso, aquele!
Eu com o coração cheio de Jesus
E você, feliz por eu ser o seu filho.
Volto agora à realidade!
Que é de você, meu pai?
Aquele amigão, companheiro, camarada?
O que eu fiz de você?
Descartei, como uma coisa ultrapassada?
Tarde demais,
Para entender que você era a minha riqueza,
O meu alicerce verdadeiro.
Pai, nenhum carinho lhe fiz,
Nem atenção lhe dei!
Fui ingrato, fui cruel, fui egoísta.
Não posso mais voltar atrás.
Nada, agora, tem conserto.
Perdi você, meu velho!
Perdoa a mim,
Por entender tão tarde,
Uma culpa tão grande!
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