A PROFECIA DA LUÍSA
(Genaura Tormin)
Somos uma família unida, coesa e contente.
Os filhos moram perto da gente, o que facilita o compartilhamento de carinho e cuidados.
São quatro os nossos filhos. Todos casados e endereçados na vida. Os netos aumentam a nossa razão de viver, fazendo-nos mais felizes.
O filho, Frederico (o caçula), mudara-se para um apartamento duplex próximo de nossa casa. O afeto crescera e nós estamos sempre entre eles e vice-versa.
Durante as minhas estadas lá, posto-me no primeiro piso, tendo em vista ser paraplégica e as minhas pernas de roldanas não subirem às escadas para alcançar o piso superior, onde ficam os quartos.
Tendo em vista o pé direito duplo da sala, aureolado por um pergolado na parte superior, é-me possível identificar portas.
Luísa, criança inteligente, linda, esperta, falante, dos “cabelos negros feito as asas da graúna”, imaginava várias maneiras para que eu acendesse ao andar superior.
_ Vovó, quero que você veja o meu quarto, o da mamãe e do papai, o do Pedro e o da Fernanda.
_ E quem é a Fernanda, Luísa?
_ É a minha irmã, vovó!
_ Mas você não tem irmã!
_ O Papai do Céu ainda vai mandar pra gente!
_ Como você sabe disso?
_ Porque sei!
Luísa é a primogênita da família e à época tinha quatro anos. É uma criança doce, terna, amiga do irmãozinho a quem dedica carinho e cuidados. Diz-se a professora dele e se responsabiliza por tudo que ele sabe.
Sempre que eu lá chegava, ela me lembrava de que teria que arranjar um jeito de eu subir as escadas, que costumeiramente me espreitavam de soslaio. Vez por outra eu sentia saudades dos passos saltitantes e faceiros que ficaram num passado tão distante.
Quase 30 anos sem os seus trejeitos dançarinos. Mas os passos imaginários sempre me alongam as possibilidades de outras formas.
Quase 30 anos sem os seus trejeitos dançarinos. Mas os passos imaginários sempre me alongam as possibilidades de outras formas.
Enfim, surgira o esperado jeito para alçar voo aos dormitórios no piso superior. Carregada nos braços, lá ia eu! Luísa e Pedro eram só sorrisos. Subiam na frente como a preparar o caminho. Verdadeiros cicerones.
As vozinhas estridentes atropelavam-se faceiras na descrição dos aposentos.
As vozinhas estridentes atropelavam-se faceiras na descrição dos aposentos.
Tudo muito bonito, decorado com motivos próprios, cheios de graça e bom gosto.
_ Aqui é o quarto da Fernanda, vovó! _ dissera-me Luísa, ensimesmada. Ato contínuo passara a abrir o armário e exibir as roupinhas, fraldas, sapatinhos e outros pertences, com farta descrição sobre a irmãnzinha que o PAPAI do céu mandaria.
_ E quando ela chegará, Luísa?
_ Vovó, a mamãe falou que vai pedir ao Papai do Céu.
_ Ah! Sim! Pois é, eu vou ficar muito contente, sabia? Eu amo vocês! E vou amar também a Fernanda.
O tempo passava célere. E alguns meses depois, via celular, o filho Frederico compartilhava comigo a alegria em ser pai, novamente.
_ Mamãe, você será vovó outra vez! Liana está grávida. Acabamos de pegar o resultado do exame!
_ Que bom, filho! Mais um coadjuvante para arrebanhar a nossa família no caminho do amor, na senda do bem. Quase um time, hein? Serão três filhos, três amores! A Luísa e o Pedro já sabem sobre a criança que está a caminho?
_ Ainda não.
_ Imagino a felicidade de ambos esperando o bebê. Estou muito feliz!
A vida tomara novos contornos na casa dos Antunes Tormins, bem como na casa dos avós e demais parentes.
Era o amor que, mais um vez, batia à porta, em forma de uma gentinha nova.
E a sementinha crescia no ventre da mamãe, cujas formas tornavam-se rechonchudas a cada dia, denudando-lhe a alma agradecida na fisionomia e na ternura do sorriso sempre presente.
Liana é uma menina bonita, cativante e amiga. Para mim, uma filha! Carinhosamente, chama-me de tia. E eu gosto disso.
Liana é uma menina bonita, cativante e amiga. Para mim, uma filha! Carinhosamente, chama-me de tia. E eu gosto disso.
A família estava sendo agraciada, pois um filho é sempre um presente de Deus para vida! Uma centelha do Seu amor.
Os dias passavam-se lentos, aguçando a espera, estampada na alegria estridente das crianças, que contavam a novidade a todos. O contentamento era visível em toda a família.
_ Papai do Céu vai mandar pra mim uma irmãzinha vovó! A Fernanda! Eu não falei?
_ Falou, meu amor! E a vovó acreditou. Papai do Céu é muito legal, mesmo! Ele atendeu ao seu pedido e ao da mamãe, não foi?
Ainda não se sabia o sexo.
Tão logo fora possível, o exame foi feito e acusou ser um menino.
Novamente, Frederico passara-me uma mensagem avisando. O casal ficara preocupado sobre como dar a notícia a Luísa.
Chegou-se à conclusão de que isso seria feito com cautela e vagar.
Durante uma de minhas visitas, tentando ajudar, eu comentei sobre o Antônio, o novo irmãozinho que eles iriam ganhar.
Luísa ouvira o meu comentário e, imediatamente, interveio enérgica:
_ Vovó não é não é o Antônio! É a Fernanda! Eu já falei!
_ Vovó não é não é o Antônio! É a Fernanda! Eu já falei!
_ Mas o exame disse que é um menino!
_ Não é! Vovó, o exame errou! O que apareceu no exame foi o dedinho da Fernanda! A mamãe vai fazer outra vez e é menina, eu sei! É a Fernanda!
Acontece que, realmente, algum tempo depois, em um novo exame, comprovou-se ser uma MENINA.
Isso não significou surpresa para Luísa, a qual sempre se mostrara segura quanto a vinda da irmã Fernanda.
O tempo passava e, num finzinho de tarde de um dia lindo do mês de fevereiro, quando o sol recolhia-se contente ao horizonte, bordando o céu de róseas pinceladas, chegava a Fernanda para alegrar a vida da gente!
Isso não significou surpresa para Luísa, a qual sempre se mostrara segura quanto a vinda da irmã Fernanda.
O tempo passava e, num finzinho de tarde de um dia lindo do mês de fevereiro, quando o sol recolhia-se contente ao horizonte, bordando o céu de róseas pinceladas, chegava a Fernanda para alegrar a vida da gente!
A Luísa, agora com mais de cinco anos de idade, não se cabia de tanta felicidade em ter no colo a irmãnzinha tão esperada, para quem ela mesma escolhera um novo nome: Marina!
Dizia que tinha que ser um nome que ela soubesse escrever. O finalista foi Malu e depois Marina, bem desenhado com a letrinha de uma criança amante.
Hoje, Marina tem cinco meses. Uma criança linda, sorridente que nos transporta ao Criador de Vidas. Costumo ver Deus nas crianças!
À luz da Doutrina Espírita, sabe-se, que até os sete anos de idade, é comum a criança viver em duas dimensões. É um período de adaptação à sua nova reencarnação. Nesse período as lembranças são muito fortes. Isso é muito natural para ela. Chega a ter amigos que a gente não vê. Fala deles em histórias fantásticas.
Por isso a Luísa referia-se a Fernanda com muita convicção e sabia que ela viria.
Por isso a Luísa referia-se a Fernanda com muita convicção e sabia que ela viria.
Nós, os pais, ainda desinformados, pensamos que se trata de fantasia e quase sempre procuramos ajuda psicológica.
A REENCARNAÇÃO É UMA VERDADE! E o véu do esquecimento sobre as existências passadas é uma benção, que nos permite aprender e evoluir sem entraves rumo à perfeição, a qual todos chegaremos um dia.
E assim, cumprira-se a PROFECIA DA LUÍSA!
Estou arrepiada depois de ler esse texto! Realmente as crianças são verdadeiros anjos! E a Fernanda deve ser a metade da Luísa, assim como a minha irmã Fernanda é a minha metade! Adoro o blog e sou sua fã Genaura! Beijos a você e a linda família!
ResponderExcluirA Cada existência, nós, Espíritos, progredimos. O nosso progresso pode ser lento ou rápido. Mas quando escolhermos o caminho do amor, caminhamos rumo à verdadeira felicidade, à evolução. As crianças amam todas as pessoas, sem distinção e seu espírito puro ainda conserva a Luz de onde ela veio.
ResponderExcluir