PÁSSARO SEM ASAS?
Alcione Novaes dos Santos
Eu li: a mulher decola seu voo,
conquista espaços além,
sobrepuja limites.
Não há fronteiras
entre ser e querer:
querer é ser, já,
e o tempo é matéria presente,
pleno de desejos, sonhos
- arquitetura do mundo na palma da tua
mão,
ó generosa mão, Genaura.
Eu vi: tua dor é a dor do homem,
enfim redimido,
redimensionado,
alçado, por tuas asas feitas de puro
esplendor,
à infinitude da alma.
A mesma alma que sofre,
recua, avança,
teme... e ousa,
curva-se, e arriba,
constrói, soergue o homem
e o liberta de si mesmo:
tantos os grilhões.
Tuas asas são a tua alma, Genauríssima
( permita-me o superlativo - se ele é
possível ).
E tua alma ainda soa em mm,
audazes badalos nos tímpanos
acovardados,
minhas retinas de ver-para-não-ver.
O próximo em ti é mais que próximo:
é quase tu, Mulher alada,
tu que te transmutas no outro
a perscrutar-lhe escaninhos,
sondar, nele, a dor que também é tua,
por pura compaixão de viver.
Se o poeta escreve como quem morre,
Tu vives como quem morre:
cada instante é uma benção,
uma luz insuportavelmente última,
e teu momento veste-se, sempre,
de intensidade, magia, alumbramento.
Mas não é a morte o teu lume -
bem o sabemos.
Porque és Vida, Genaura,
gênese da luta,
da esperança, e da fé.
Teus pés fincaram a história de quantos
te descobrirem,
não duvides.
Li, mais: o livro não é só livro,
e a palavra não é verbo,
paramentos de signos.
O livro é energia,
é Deus quem o escreve
pela mão de um testemunho
de Sua grandeza.
Por isso o faz solene,
no princípio sôfrego,
depois livre, poderoso, doce, solidário,
irmão.
Eu vi, Genaura Tormin:
tua nudez não me constrange,
tampouco me apieda;
Antes revela-me universos esquecidos,
virgens do meu pouco saber,
intocados.
Obrigado, Doutora Genaura Maria da Costa
Tormin.
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