UMA REFLEXÃO
(Genaura Tormin)
Um encontro nacional de pessoas com deficiência física, realizado na minha cidade. Eu estava lá, estreando, aprendendo, participando, conhecendo o meu novo habitat.
Como principiante, sentia-me intrusa naquele ambiente que jamais havia sido meu. O visual impregnava-me de compaixão, apesar de os deficientes serem alegres e extrovertidos. Faziam brincadeiras e elogiavam a hospitalidade goianiense e até a alimentação (mísera marmitex industrializada).
Eram humildes, acostumados às crueldades da vida. Via-se que a maioria apresentava baixo poder aquisitivo. Alguns ocupavam cadeiras de rodas, em cujo encosto lia-se em letras garrafais: “DOAÇÃO DO PALÁCIO DO GOVERNO”.
Era o inverso do enunciado bíblico: “Quando deres, faça-o com a mão sem que a outra perceba”.
O ônus pago pela cadeira de rodas, necessidade número um da pessoa que não pode dela prescindir para deambular, era elevado demais. Significava dizer a todos: “Sou tão inválido e pobre que não pude comprar a minha própria cadeira de rodas”.
Era o preço da humilhação, portanto, mais caro do que uma cirurgia de grande porte, pois a ferida não sara e fica sempre à mostra para o escarneo público.
Aquilo para mim era cruel. Era a exploração camuflada de solidariedade para arrebanhar a anuência da massa de manobra, numa vil propaganda. Por isso eles eram a estampa do Cristo Crucificado; espectros de seres, sem auto-estima, vivendo por viver e, ainda, ostentando, aonde quer que vão, a propaganda do GOVERNO-PAI.
Abomino tal conduta, a qual se enquadra como ato típico perfeito de roubo da dignidade. E dói muito quando feito pelos governantes que apenas administram as receitas oriundas dos nossos impostos e têm por obrigação o soerguimento social.
É preciso que haja consciência, que haja voz para denunciar tais deslizes que, por vezes, aleijam mais do que a própria deficiência, pois comprometem a mente, o equilíbrio, a auto-estima e o desejo de continuar vivendo.
Ali, eu era a mais recente paraplégica. Era caloura na profissão de não marcar passadas no chão.
E hoje as passadas no chão representam uma fila de seguidores, aprendizes e fãs, entre tantos eu.
ResponderExcluirBeijos. Márcia
Oi Genaura sou uma admiradoura sua te conheci através dos depoimentos de auto-hemoterapia a qual uso a técnica a 5 meses, relutei muito a postar esses comentários, pois sou extremamente insegura,e diante de tamanha coragem como a tua sinto-me envergonhado, sou + ou - de sua idade e consigo encontrar tantos obstáculos para realizar sonhos uma vez que a vida para mim não foi muito facil e perdi as minhas oportunidades na juventude hoje tenho dificuldade de achar que sou capaz de qualquer coisa, talvez volto a te postar,espero que sim, vou aguardar que vc me retorne me desculpe o desabafo mas vi em ti uma pessoa que pode me ajudar.Fique com Deus e que ele continue te iluminando que vc continue essa pessoa maravilhosa que para mim foi importante conhece-la. Beijo
ResponderExcluirOi Genaura volta a te postar, pois te adimiro cada vez mais, estou lendo o seu livro passaro sem asas, estou no começo estou adorando e fico imprecionada com sua coragem, vou continuar lendo e volto a te postar quando terminar, sou sua fã.
ResponderExcluirPeço ao senhor que continua a ilumiar o seu caminho, pois sei que sua luta é dificil e constante, mas quem tem um Deus como vc tem vence obstáculos, siga enfrente com essa confiança que lhe é peculiar. Um beijo fique com Deus