O IRMÃO INVISÍVEL DO RODRIGO
(Genaura Tormin)
Rodrigo é o meu primeiro neto. Hoje tem 15 anos. Sou suspeita para falar dele, pois o amo demais e sou sempre encantada com o seu carinho, a amabilidade e a inteligência. Está sempre disponível para ajudar. O sorriso estampa-lhe sempre os rosto.
Filho de minha filha, ele veio ao mundo ao romper da aurora, no último dia de maio. Chegou junto ao amanhecer, entre os raios de luz que envolviam a terra. Eu fui recebê-lo na maternidade. Vi quando a enfermeira passou da sala de cirurgia para o berçário, tendo nos braços aquela trouxinha de gente, envolta em panos. Pelo vidro, assisti ao seu primeiro banho, podendo perceber-lhe as formas, que guardavam uma semelhança com os pais. Mistura de genes. O milagre da vida! Enternecida, enviei ao Criador minha prece de agradecimento. Um serzinho novo para integrar a nossa família. Que missão teria? Um anjo guardião, um coadjuvante no caminho do bem, pensei.
E Rodrigo crescia feliz, sob o carinho de todos. Sempre que era possível, ficava em nossa companhia. Ouvia-se as suas passadinhas pela casa, acompanhadas de um chilreado, como se fosse de passarinhos. Era a linguagem de sua pouca idade. Como era gostoso escutar aquilo. As primeiras palavras, os dentinhos, o sorriso, o carinho sempre externado... Ah, como sinto saudades!
Lembro-me bem de que ele tinha uns três anos de idade quando, devidamente uniformizado, seguiu para Escola. Particularmente, fui vê-lo algumas vezes entre os colegas. Vejo sempre Deus nas crianças. Uma legião de anjos alegres e travessos.
Um dia, estando em nossa casa, Rodrigo encontrava-se tagarelando em nosso quarto, enchendo as nossas vidas de alegria, além do enorme prazer de sabê-lo neto, galho de minha árvore, verso de meu poema. O avô também estava ali. Nessa ocasião, fazendo gestos, Rodrigo disse:
_ Vovó, eu vou bater no Pedro Paulo! Vou mesmo! Ele é muito chato e me bate.
_ Não faça isso! Conte para a professora, que ela vai resolver, ouviu?
_ Não, vovó eu vou bater nele! E gesticulava, imitando os socos.
_ Aí, sabe o que vai acontecer? Ele vai bater em você, de novo, porque é maior do que você!
_ Vai nada! Eu vou chamar o meu irmão, quero ver! Meu irmão é grande, forte! (Ocasião em que levantou os braços para mensurar o tamanho do irmão).
_ Você não tem irmão, Rodrigo!
_ Tenho sim, vovó! Ele é grandão e até me deu a sua bola velha, que ele não queria mais!(Hoje, com tanta modernidade, os entretenimentos são outros: os jogos eletrônicos, os carrinhos motorizados... Uma bola velha seria mesmo uma coisa do passado. Pensei depois).
_ E como se chama o seu irmão?
Incontinente, ele me respondeu: _ Vovó, ele se chama RÔNCIO!
Nunca ouvira falar esse nome, nem conheci ninguém, sequer, com nome parecido. Não questionei mais, entretanto guardei o epsódio na lembrança.
Anos depois, quando estava lendo o livro: UM PILAR DE FERRO, de Taylor Caldwell, que narra a historia de Marco Túlio Cícero, senador e um dos maiores oradores de Roma, de repente deparei-me com um dramaturgo romano, personagem do livro, cujo nome era igual ao do irmão invisível do Rodrigo.
Novamente, voltando aos verdes anos do Rodrigo e à agradável e querida convivência conosco, recordo-me de que vez por outra, nos seus diálogos comigo, ele usava o vocábulo "Parmendes". Como o seu linguajar era ainda muito incompleto, dado a sua pouca idade, eu nunca questionei quem era ou o que era. Hoje, navegando pelo dicionário deparei-me com o nome : PARMÊNIDES. Filósofo grego, que viveu nos anos 530 a. C.
Sabe-se, que até os sete anos de idade, é comum a criança perceber a presença de seres de outra dimensão e conversar com eles, tendo-os por amigos, incluindo parentes, avós... Isso é muito natural para a criança. Essa fase é uma adaptação à sua nova reencarnação e as lembranças são muito fortes. Por isso o Rodrigo referia-se ao irmão com muita naturalidade e convicção. Os pais desinformados pensam que se trata de fantasia ou até de algum problema psicológico.
Naquela época, eu não tinha conhecimento sobre essas lembranças externadas nas crianças, limitando-me a contestar o que ele dizia. Poderia ter perguntado mais e aprendido tanto com o Rodrigo.
Hoje, digo apenas: A REENCARNAÇÃO É UMA VERDADE! E o véu do esquecimento sobre as existências passadas é uma benção, que nos permite aprender e evoluir sem entraves rumo à perfeição, a qual chegaremos um dia.
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