PLANTIO
quarta-feira, 27 de maio de 2009
UMA PREPARAÇÃO?
UMA PREPARAÇÃO?
(Genaura Tormin)
Egressa de colégio de freiras, sempre gostei de comemorações, teatros, festas, desfiles, poesias, presentes artesanais, culinária... Por isso jamais esquecia de organizar a festa de confraternização no fim de ano entre os colegas de trabalho.
Justamente três meses antes da tão súbita paraplegia, fizemos a festa com bolo, revelação de amigo secreto e muita alegria. A turma era excelente, coesa e solidária.
Lembro-me de que nessa ocasião, período de formaturas, passamos defronte de um foto-stúdio que anunciava promoção. Sugeri, irrefletidamente, que estava digna de uma fotografia porque estava produzida. Alfredo anuiu e a fotografia, um pôster, ficou bonita. Entusiasmada, afixei-a na parede da sala, gabando-me de que seria para a posteridade. Uma preparação?
Não sei se somos remotamente preparados para o exercício de nosso carma. Não sei se somos frutos do destino fadados à fatalidade. O certo é que me assusto ao fazer algumas retrospectivas. Parece mesmo que me preparava para uma marcante mudança de vida. Minhas poesias... Ah! as últimas poesias!
Desde mocinha, nos tempos de internato, convivia bem com as palavras. Rabiscava sempre alguma coisa que chamava de poesia. Isso foi se alojando em mim, criando formas e arrebatando os sentimentos de amor do meu serzinho franzino, transportando-os para pedaços de papel. Reputando-me passional, fui decantando a vida além dos muros do colégio de freiras. A chegada e a partida do primeiro amor confirmaram meu dom de poetisa. Cantei todos os enleios, todas as paixões, todos os adeuses. Extrapolei os mais verdes anos e os versos ficaram em mim. Não importa se canto o amor, a dor, a tristeza, a vida, a morte... O que importa é simplesmente cantar, exaltar, extravasar, jogar a lira, transar bem com lápis e papel. O que importa é curtir as palavras lindas, fortes ou tristes. É amar a vida, partilhando-a de alguma forma.
Escrever é um ato de amor. É driblar barreiras, alar o mundo feito borboleta. É desnudar-se! Mostrar a cicatriz ou a ferida exangue. Sem dúvidas, escrever é ter a coragem por escudo! É perscrutar sonhos, viver fantasias, ou enfrentar realidade.
Para mim, fazer poesias, falar de amor é a expansão de minha sensibilidade. É o meu interior, o meu coração, o meu Deus interno, estampados em folhas brancas de papel, muitas vezes no quadrilátero do meu quarto. É no meu aconchego que me encontro e faço versos.
Minhas poesias falavam de tristezas. Era como se estivesse a me despedir de mim mesma. “Ficando em tudo uma lágrima e a dor do irreversível”.
Na época, não havia motivos para falar de perdas, mas exaltar conquistas. Tudo estava excessivamente bem. Em ordem. Atravessava a melhor fase da vida em todos os sentidos.
Depois da poesia pronta, ela me assustava. Levava-me a refletir:
— Por que faço isso? Não transo tristeza! É um desrespeito ao meu ser otimista, desbravador, ousado! Melhor do que estou, só festa!
Poesia não se faz: brota feito as lágrimas, o amor, a água que mina da pedra ou o lírio que nasce no pântano. Ela é dom. É inexplicável.
Dizem que o poeta é louco, mas o seu escrito é santo. Ele cria fantasias, ouriça sentimentos, caminha com os astros e faz morada nas estrelas. Eu gosto de ser assim. E no esconderijo de minha fantasia versejo todas as linguagens, vou a todas as paragens e guardo a emoção de todas as imagens, pois o coração não tem porteiras nem cárceres.
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LEVE, LIVRE & SOLTA!
Sejam bem vindos!
Vocês alegram a minh'alma e meu coração.
Era uma luz no fim do túnel e eu não podia perder.
Era a oportunidade que me batia à porta.
Seria uma Delegada de Polícia, mesmo paraplégica!
Registrei a idéia e parti para o confronto.
Talvez o mais ousado de toda a minha vida.
Era tudo ou NADA!
(Genaura Tormin)
"Sou como a Rocha nua e crua, onde o navio bate e recua na amplidão do espaço a ermo.
Posso cair. Caio!
Mas caio de pé por cima dos meus escombros".
Embora não haja a força motora para manter-me fisicamente ereta, alicerço-me nas asas da CORAGEM, do OTIMISMO e da FÉ.
(Genaura Tormin)
Posso cair. Caio!
Mas caio de pé por cima dos meus escombros".
Embora não haja a força motora para manter-me fisicamente ereta, alicerço-me nas asas da CORAGEM, do OTIMISMO e da FÉ.
(Genaura Tormin)
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